Ratazana.

Sempre tive medo de ratos, desde que me entendo por gente. Quando eu era criança, morava num sítio, e sempre recebíamos a visita dos roedores. Passei a ter mais medo desses animais quando meu primo foi mordido por um deles. A mordida foi tão forte que ele perdeu uma parte do dedo indicador.

Depois de adulto, raramente esses bichos apareceram para me infernizar e esse breve relato, é sobre a última vez que vi um rato, uma ratazana, para ser mais preciso.

Minha noiva e eu estávamos de férias numa pousada, tentando relaxar, pois o casamento estava próximo. Queríamos passar um tempo juntos, sem preocupações com a festa.
A pousada era muito aconchegante. Tinha tudo o que precisávamos, sem contar que a vista do nosso quarto era incrível.
Um dia antes do fim da nossa estadia, minha noiva reclamou de dor de cabeça e coceiras pelo corpo. Sua pele estava vermelha e ela sentia um ardor insuportável. De início, acreditamos que fosse insolação, então não saímos da pousada. Ela ficou no quarto e eu na piscina.

A noite, minha noiva piorou. Dormiu a tarde toda, mas não melhorou. Ela se coçava tanto, que sua pele sangrava. Depois de um longo banho gelado ela melhorou. Pedimos uma pizza, e enquanto comíamos, assistimos alguns episódios de uma série qualquer.
Quando deitamos para dormir, ouvi um ruído agudo, vindo de trás da cama. Rapidamente arrastei o móvel e vi do que se tratava. Uma pequena ratazana. Com determinação, mas não destituído de medo, obviamente, busquei o rodo no banheiro e com três ou quatro pauladas matei o roedor. Era um filhote, então fiquei com um pouco de dó, mas eu não podia deixar o animal tirar minha noite de sono, afinal, no outro dia iríamos embora.

Em determinado momento da madrugada, senti minha noiva se mexer na cama. Como ela sempre fazia isso quando sonhava, não dei atenção. Fechei os olhos e voltei a dormir.
Pela manhã, acordei sentindo o abraço da minha noiva. Ainda de olhos fechados, fiz carinho em seu braço. Quando apertei sua mão para desejar bom dia, percebi que era apenas o braço que me abraçava! Seu membro havia sido arrancado do corpo. O lençol branco estava banhado de sangue. Desesperado, tentei em vão acordar minha noiva.
Gritei por socorro. Quando os funcionários da pousada chegaram, ficaram sem reação. De certo, acharam que eu tinha feito tamanha barbárie. Ao ver minha noiva na cama, notei que algo se mexia dentro dela. Quando toquei seu corpo, ela abriu os olhos e a boca; e de lá saíram dois filhotes e a ratazana, e me deram todos os motivos possíveis para olhar atrás da cama antes de dormir.
Régis Di Soller
Enviado por Régis Di Soller em 29/06/2019
Reeditado em 02/07/2019
Código do texto: T6684139
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