Até que ponto vale a pena ser bom?

Até que ponto Vale a pena praticar a lei da bondade ?

Vale a pena ser bondoso numa sociedade individualista?

Estou buscando pensamento crítico sobre essa virtude.

Obrigado.

O Mal não equilibra o Bem, o Mal é o desequilíbrio do Bem.

Então Bondade na medida certa, é o Bem, bondade em excesso é bondade desequilibrada, torna-se o Mal. Pode-se ver isso na educação dos filhos:

O filho precisa ser educado com amor, mas se insistir no erro a punição se torna necessária. Trata-se de uma espécie de equilibrio, tudo atuando juntos pelo Bem.

Não só o amor, mas a punição adequada também é o Bem. Punição insuficiente ou excessiva também são o Mal.

No atual "estágio" a consciência humana não saberia assimilar o bem puro. Paradoxalmente não seria benéfico para ela. A consciência humana não acredita que possa existir um bem pelo bem, então, ela vive o que ela acredita.

Então:

Vale a pena ser bondoso numa sociedade individualista?

Cada Consciência é um mundo, e cada uma responde por si mesma, mas hão fatores comuns que "atingem" a todas...Você vê no seu mundo que 1% da população mais rica possui a mesma riqueza do que os 99% restantes, porque certamente estão afinados com a mentalidade e com o caráter que domina este mundo.

E há toda uma engrenagem montada, que funciona QUASE no automático, para fazer com que os 99% paguem o almoço grátis daqueles 1%

Mas quem não gosta que se aponte isso alega que a motivação para enxergar e apontar o erro é inveja.

De muitas formas, vocês herdam as crenças dos seus pais, e ascendentes. Se eles acreditavam que a pobreza é uma virtude, então, talvez você acredite no mesmo, talvez, inconscientemente.

A riqueza como a conhece, o sistema capitalista despontou no mundo com a revolução industrial. Antes, os chamados ricos eram a nobreza, e por isso mesmo já vinham de berço com a crença sobre as suas próprias riquezas. Agora, na revolução burguesa e depois, na industrial, os comerciantes eram a nova nobreza. Eles acreditavam firmemente que mereciam a riqueza. Isso gerou o sistema capital/material do mundo. Se a pessoa é materialista, em geral, ela pensa da seguinte maneira: a vida se limita a uns 70 anos de experiências e sensações, não havendo nada depois disso. Então parece ter toda a lógica do mundo se focar em estratégias que te forneçam a melhor experiência possível, do ponto de vista dos prazeres sensoriais.

Este pensamento conforta e justifica pensamentos e atos.

Agora, este mesmo pensamento também envenena seu mundo.

Qual o valor de 70 anos dos prazeres mais gostoso do mundo, se tudo será esquecido ao fim, com o extermínio da consciência? Muitos já disseram não ver nenhuma opção lógica para o materialista exceto o suicídio para poupar esforço, já que tudo termina com "perda total".

Mas se o que orienta sua vida, é a crença na sobrevivência do espírito, em quaisquer das opções disponíveis que você possa a vir escolher, aí não faz o menor sentido jogar o jogo da vida pelas regras e metas da vida física, porque, se você acredita numa só vida e depois céu ou inferno, tem que pensar em atingir o "sucesso" segundo as regras do "jogo da eternidade". Seria tolice, diante dessa crença, jogar apenas pelas regras do mundo material, que seria a etapa mais curta para o inferno. Se você acredita em reencarnação, teria que pensar em como uma encarnação pode gerar boas ou más consequências para as próximas, o que te obriga a viver segundo referenciais atemporais, uma cosmoética válida para todas as épocas e culturas. Uma pessoa que pense assim não vai se arriscar a maltratar sua esposa só porque vive num país islâmico em que a mulher não vale nada. Ou se nasceu numa época em que a escravidão ainda era vigente, não vai entrar nessa, ou vai dar carta de abolição a seus escravos tão logo perceba o erro a cultura e época em que está vivendo, como muitos fizeram no passado.

Então compensa??? Depende da sua visão sobre a vida, se eterna ou temporária, das suas metas, se espiritual ou material. Tudo são escolhas, só escolhas... É você que as faz, e você deve encontrar suas próprias respostas neste tema.

A meu ver isso se trata de egoísmo dos fortes versus o egoísmo dos fracos. Quando os egoístas fortes e poucos cercaram a terra, os egoístas "fracos mas em maioria" devem ter pensado:

Deus fez terra suficiente para todos, que diferença isso faz se uns poucos pegarem um um pedaço só para si? "Não vou perder meu equilíbrio, minha lucidez, me preocupando com isso".

Quando deviam ter se perguntado: "Mas e se muitos outros resolverem fazer o mesmo?".

Temos contado aqui histórias sobre escolhas, consciências e liberdades. Vocês usam as três, até mesmo para criar os seus próprios deuses e suas crenças. Mas na verdade, estão com isso criando o seu mundo. Olhe para ele e veja o que acha dele. Talvez esteja neste ato a sua resposta. Mas, lembre-se:

Cuidar apenas do próprio umbigo, sem pensar no coletivo, tende a estender o prejuízo a todos, mais dia menos dia:

Primeiro levaram os negros,

Mas não me importei com isso,

Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários,

Mas não me importei com isso,

Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis,

Mas não me importei com isso,

Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados,

Mas como tenho meu emprego,

Também não me importei.

Agora estão me levando,

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Bertolt Brecht