CARNE A BORDO

O mar encapelado rugia como um dragão com as suas ondas em confronto ao vento. O navio balançava de um lado a outro numa dança elegante demonstrando não só o preparo de todos os homens a bordo, mas sim o quanto todos estavam dispostos seguir viagem. A tripulação já havia enfrentado três temporais devastadores a procura da caverna lendária, mas o capitão desistira ao encarar o fato que todos os seus recursos estavam em falta. Era uma caçada ao tesouro às cegas; navegadores do mundo inteiro estavam a procura da tão famosa caverna onde um arqueólogo declarou em rede ao vivo existir provas da existência de seres extraterrestres. É claro que o capitão Pierre não desejava saber o que existia lá pelas bandas do espaço sideral, mas sim na enorme recompensa em dólares para a tripulação que encontraste a caverna. Foram meses de planejamento até decidir encarar o mar rumo à fortuna; a caverna se mantinha submersa sobre o sul do Atlântico e a corrida marítima estava mais acirrada por causa da grande quantidades de brasileiros. Pierre fizera o máximo com os seus vinte e oito homens a bordo, mas a cada dia que se passava o controle de mantimentos era cada vez mais difícil, e mesmo que desistissem do prêmio, o temporal daquela noite procurava os barcos com sede e fome.

Não havia outro jeito de sairem vivos daquela aventura, a comida não iria durar mais que dois dias e toda água não daria para toda tripulação; capitão Pierre respirou fundo e ordenou a todos que mudassem o curso. Deixar o orgulho e pedir refúgio ao Brasil era a única solução, de maneira alguma iria arriscar perder seus homens pela imagem de durão. Mas ninguém ficaria de acordo com aquela decisão. Haviam homens quais largaram suas esposas e filhos com a justificativa de trazerem fortuna para a família; como poderiam voltar de mãos vazias alegando que mal encontraram a famosa caverna? O capitão não houve tempo para pensar quando aquele tempo tomou partido a frente da discussão. O mar enfureceu-se mais ainda e uma onda enorme surgiu a leste do barco. A onde era capaz de cobrir as montanhas ao longe e causar dor no pescoço de quem tentava enxergar o seu topo; estava óbvio não só para Pierre mas também para todos os homens que a discussão havia chegado ao fim. A morte aguardava cada um deles com um sorriso no rosto e suas foices em mãos, os anjos estavam preparados para buscá-los aguardando a onda estremecer mar abaixo, e quando tudo desapareceu em um apagão, Pierre avistou toda aquela montanha de água despencar como um meteoro vindo do espaço e acertando em cheio o barco que não tivera nenhuma chance de luta.

Tudo deveria ter passado de maneira rápida; o barco quebrando, as madeiras se desprendendo e acertando os homens, todos gritando, o som da água invadindo os ouvidos e revirando todos os copos em piruetas incansáveis, os suprimentos encharcando, e todo o mar rindo e gargalhando ao ver o desespero que restava dos seis tripulantes vivos. Era difícil de encontrar em meio o monte de corpos boiando despedaçados, mas Pierre e mais cinco de seus marujos estavam vivos nadando para o pouco que restou da navegação; apenas um pedaço de madeira relativamente grande. Nada se podia de nenhum homem; o silêncio era a única resposta para a tragédia eminente. Ninguém culparia o capitão, além do mais, ninguém poderia prever aquele ataque, e mesmo que tivessem sido salvos por crueldade do universo, eles só tinham poucos minutos até os tubarões chegarem farejando o mar de sangue.

Pierre e suas companhias por desespero não tomara outra atitude a não ser a de nadar desesperadamente para longe dos corpos. A tragédia havia sido de grande escala e os destroços dos barcos se espalhavam por longas e longas áreas em alto mar; as ondas estavam se intensificando e os membros dos marujos podiam entender o peso das águas agressivas. Pierre estava em vantagem possuía uma resistência incrível de natação devido aos anos de competição; obviamente o capitão estava tomado pela adrenalina, e por este motivo, não avistara que de cinco tripulantes apenas um estava atrás de ti acompanhando desesperadamente. O banquete dos tubarões havia sido servido de maneira cruel. Logo Pierre e seu único acompanhante cansados de nadarem a mar aberto, avistaram pedras extrema pontudas que indicava uma espécie de ilha. Entre as rochas havia um buraco relativamente grande, e o capitão logo comemorou a possibilidade de sobreviver junto ao seu tripulante que de pergunta qual seria o preço na pagar para entrar naquela caverna. Os dois nadaram ferozmente contra as correntezas expondo ao máximo a força de seus músculos e agarraram-se a uma única pedra, sem dúvida desistir naquele momento seria morte na certa. Pierre esticou a mão alcançando a borda escorregadia da caverna;cravou suas unhas alí rugindo de dor e deu suporte para que seu marujo consehuisse alcançar. Os dois enfim haviam entrado. Cançados, machucados, com fome e com sede, só os demônios poderiam dizer quanto tempo durariam naquela cubículo.

Ao descansar e cair a noite, Pierre senti a fome mais uma vez o torturar. Já havia tentado comer terra com água e até mesmo uma mistura de pedras socadas com o punho. Tudo era horrível. Seu companheiro tivera a ideia de se alimentar de insetos como baratas e lacraias, mas mesmo assim isso não o satisfazia. Todos estavam a beira da morte; o capitão magro aparecendo mais ossos que carne enquanto sei tripulante tentava achar formigas para comer. A chance de voltar para sua família já havia morrido e Pierre não sabia mas o porquê de estarem persistindo na vida. Decidiu que como capitão deveria intervir; deveria levar os seus súditos ao céu! Quase como um raio, pulou em cima de seu companheiro com uma pedra na mão e começou o apedrejar grotescamente seu crânio; o som era rígido e logo só havia sangue no chão. Pierre havia matado sem remorso o seu marujo, e algo havia despertado em seu desejo; estava com fome, seria seus últimos dias de vida, por que não se alimentar da maneira que podia?! Ele, o Capitão Pierre não merecia a sua última refeição?! Tacou a pedra de lado e calmamente cheirou o cérebro que estava uma gosma no chão. Cheirou e por fim deu uma lambida; não tinha um gosto certo, nem bom nem ruim, mas não pôde de conter, Pierre começou a pegar o que há ia saído junto ao sangue de seu companheiro e começou a devorar sem receio. Logo começou a morder o pescoço, tentava e tentava tirar a pele mas não houve sucesso. Porém, os olhos foram facilmente devorados; seria a refeição mais célebre daquela caverna.

Nunca ninguém os encontrará. Há rumores que Pierre se matou depois de um mês comendo seu colega, outros rumores dizem que os demônios de toda a tripulação for buscar seu corpo e alma. Pierre havia cometido um canibalismo feroz e mesmo assim, uma lápis em um memorial surgiu, homenageando o grande e célebre capitão Pierre. Pela corajosa e desastrosa expedição.

Murilo Feliciano
Enviado por Murilo Feliciano em 17/07/2019
Código do texto: T6698316
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