RAILWAY CITY'S TALE - CLTS 08

RAILWAY CITY'S TALE - CLTS 08

by: Johnathan King

Capítulo I

CIDADE FANTASMA

*

O caminho para Railway City

Edgar Foster, um criminoso condenado e sentenciado a morrer na forca , ajoelhou-se diante de uma cruz envergada, com a imagem de um Jesus decapitado e fez uma oração silenciosa. Já se aproximava do meio-dia, horário da execução, e a praça principal do distrito de Oregan City, Texas, estava movimentada. Curiosos vieram de todos os cantos da cidade para assistir ao espetáculo fúnebre - não era todos os dias que alguém morria na forca.

O apenado em questão era acusado de muitos crimes, e o mais grave e que o condenou ao laço do carrasco foi o assassinato do último xerife.

Um guarda veio até a cela buscar o prisioneiro, havia chegado o momento da execução. Do lado de fora do lugar, uma turba enlouquecida ri e fala ao mesmo tempo, num frenesi alucinante.

Edgar começou a subir um lance de escadas, indo rumo à forca. Ele fechou os olhos e lembrou-se da oração que havia feito diante da cruz envergada. Em seguida, Edgar ficou de pé em cima de uma caixa de madeira e o executor colocou o laço em volta do seu pescoço. Nesse momento a multidão foi à loucura, e gritando de maneira histérica, eles pediam que o carrasco puxasse o banco.

Quando o banco foi puxado, para a surpresa dos presentes, o prisioneiro havia simplesmente desaparecido diante dos olhos de todos, deixando apenas a corda balançando no ar. O terror e a perplexidade tomaram conta da multidão e das autoridades, e ninguém tinha uma explicação plausível para o que tinha acontecido.

Edgar despertou subitamente no meio de um deserto a perder de vista. Oregan City havia simplesmente desaparecido: seus moradores, a prisão, a praça de execução, tudo havia sumido. O homem não compreendia o que havia acontecido, até lembrar-se da cruz envergada e da oração silenciosa feita ao diabo. Nesse momento, uma voz misteriosa e saída do nada começou a sobrar em seu ouvido lhe indicando um caminho a seguir. Edgard começou então a caminhar, sempre dando ouvidos ao que a voz lhe dizia.

Ao final da caminhada, Edgar encontrava-se na entrada de uma cidade chamada Railway City, no coração do Wyoming. Tudo estava assustadoramente calmo, nas ruas e casas nenhum sinal da presença humana recente. Definitivamente Edgar estava em uma cidade fantasma, e o lugar precisava ser visto para ser acreditado. Railway City era, sem sombra de dúvida, a joia da coroa da bizarrice.

Edgar começou a andar pela cidade, procurando por alguma alma viva, mesmo tendo certa convicção de que isso não aconteceria. Cansado, com fome e sede, o criminoso parou na frente de um velho "saloom" e entrou, mesmo não fazendo ideia do que encontraria lá dentro. Para a sua total perplexidade , o lugar estava lotado de pessoas se divertindo, bebendo e dançando.

Não fazia o menor sentido toda aquela movimentação naquele lugar, numa cidade aparentemente abandonada. Edgar olhava toda aquela situação com espanto. Ele se dirigiu então ao balcão e pediu uma bebida ao garçom, que o atendeu prontamente. Ao provar da bebida, Edgar sentiu um gosto terrivelmente amargo na boca, e num impulso rápido, ele cuspiu o líquido no balcão. Ao olhar para o copo ,o homem ficou assombrado ao notar um amontoado de larvas e vermes em vez de cachaça.

Ao se virar para o garçom para reclamar da bebida, ele percebeu que tanto o homem quanto todos os outros frequentadores do "saloom" não passavam agora de uma horda de mortos-vivos. O forasteiro saiu tateando pelo chão do lugar, tomado de puro terror.

A música parou de tocar de repente, e tudo no lugar ficou em silêncio. E as pessoas haviam simplesmente sumido, deixando para trás apenas um amontoado de cadeiras e mesas desalinhadas; o chão e paredes sujos de sangue, garrafas de bebidas quebradas e um mistério no ar. Edgar decidiu então deixar o local, ainda apavorado com as visões que viu. Do lado de fora, ele começou a ouvir gritos de desespero e sons de tiros.

**

No coração do Inferno

Como se tivesse sido lançado de cabeça em uma máquina do tempo assombrada, Edgar foi parar diretamente na Railway City de antigamente. Lá, diante de personagens do lugar e vendo e ouvindo o que aconteceu, ele descobre a chocante verdade por trás do fim da cidade. As pessoas do lugar encontravam-se totalmente insanas e fora da realidade, cometendo todo tipo de barbárie, desde auto mutilação; passando por suicídios coletivos, até assassinatos em massa.

Edgar não conseguia se desviar das cenas chocantes, mesmo que quisesse, e mesmo que fechasse os olhos. As imagens simplesmente brotavam em sua mente, como um pensamento insano de que não se pode escapar. Mesmo diante de todo aquele horror surreal, Edgar encontrou forças para tentar fugir daquele pesadelo.

Após muito andar, ele acabou indo parar em uma antiga ferrovia desgastada pelo tempo e pelo abandono. Edgar resolveu então entrar em velho trem de aspecto fantasmagórico. Lá dentro o silêncio era assustador, e, só então que Edgar recobrou a consciência e voltou a realidade das coisas.

Foi nesse momento que uma voz feminina começou a chamar pelo nome de Edgar dentro do trem, deixando-o intrigado. Ele começou então a seguir o som de onde a voz vinha, só para encontrar em seguida em um dos últimos vagões a figura de uma mulher enforcada. A imagem o deixou assombrado, mas mesmo querendo ele não conseguia desviar o olhar dela. Foi aí que a mulher abriu os olhos e deu um grito pavoroso, e em seguida sumiu, deixando o laço que a mantinha presa ao teto balançando no vazio.

Edgar sentiu-se estranhamento atraído pelo laço deixado pela mulher e começou a caminhar na direção do mesmo. Ele então pegou um banco, em seguida subiu nele e depois colocou a corda em volta do seu pescoço e saltou para a morte. Edgar sentiu um baque profundo ao se chocar no chão de madeira apodrecida, e percebeu então que algo deu errado com o laço. Mas ao virar-se de costas, no entanto, ele viu seu corpo pendurado por uma corda no teto do trem, e que na verdade agora não passava de um espírito desencarnado.

Uma voz familiar chamou por Edgar atrás dele, e ao virar-se para olhar quem falava com ele, o terror e o desespero o dominaram. Ele estava se vendo diante da figura do diabo, uma criatura medonha e assustadora, e que veio cobrar a promessa feita por Edgar na cela da prisão de Oregan City, no dia da sua execução; de que se ele o ajudasse a escapar da pena de morte lhe entregaria a sua alma.

Sombras sinistras saltaram do chão e agarrando Edgar, elas o puxaram para o inferno.

Capítulo II

TERRA DE MORTOS

*

Nem sempre o que tá morto continua morto

Vagando por um terreno agreste, sob um sol escaldante e com um bando de abutres sobrevoando em círculo, esperando o momento do banquete; o criminoso Albert de Salvo acabou chegando na fronteira da infame Railway City, apelidada de " cidade fantasma." Ao constatar que havia chegado na cidade assombrada, o homem sentiu um calafrio na espinha e uma sensação ruim de que não deveria estar naquele lugar.

Mesmo contrariando todas as recomendações de não chegar próximo demais da cidade, Albert de Salvo resolveu fazer pior, entrar em Railway City. Lá dentro, um silêncio mortal pairava no ar, nem mesmo o vento sobrava na cidade. O cavalo de Albert parecia não estar muito confortável com aquela situação, e algumas vezes o mesmo fez menção de voltar, sendo impedido por seu ocupante.

De repente, Albert de Salvo viu uma mulher caminhando ao longe e isso o deixou intrigado. Tão intrigado que ele resolveu ir atrás dela, mesmo com os protestos de seu cavalo, que relutava em não seguir as ordens do dono. O animal saiu galopando pela rua deserta, passando por construções decrépitas e cenários dignos de um filme de terror. No fim, a mulher havia desaparecido misteriosamente, e nem seu rastro pôde ser encontrado.

Aquilo mexeu com a cabeça de Albert, que naquele instante constatou ter visto um fantasma e não uma pessoa viva. Após fazer o sinal da cruz, mesmo não sendo uma pessoa religiosa, o homem seguiu caminho com seu cavalo. Não demorou muito para o crepúsculo tingir o céu de um vermelho vibrante, e algo sinistro aconteceu.

Como que por encanto, Railway City ganhou vida novamente!

As luzes das casas e comércios antigos se acenderam magicamente, as ruas ganharam nova vida com os pedestres indo e vindo de um lado para o outro, pessoas conversavam umas com as outras como se o tempo nunca tivesse passado ou a cidade nunca tivesse morrido.

Albert parou seu cavalo e ficou paralisado com a cena. Ele não sabia o que estava acontecendo, e tudo aquilo era apavorante. Ele desceu do cavalo e continuou encarando as pessoas que passavam pela rua, e essas pareciam não notarem a sua presença na cidade. Ele então resolveu entrar em um estabelecimento comercial onde funcionava uma joalheria, pensava conseguir algum tipo de informação, e de quebra roubar alguns itens valiosos do lugar.

Mas ao entrar na joalheria, Albert mergulhou em um pesadelo chocante. O lugar estava completamente depreciado, as luzes apagadas e paredes e teto manchados de sangue. O homem deixou o local assombrado, aquilo não fazia o menor sentido, antes o lugar tinha vida e alegria, agora não passava de um mausoléu desolado.

Só que o que viria em seguida seria bem pior!

Quando saiu para fora e encarou Railway City outra vez, Albert não encontrou uma cidade, mas sim um cemitério. As luzes haviam se apagado, as pessoas sumido e as casas eram novamente velhas e mofadas.

Nesse instante, o cavalo de Albert pareceu ter sido assolado por algo aterrador, e completamente enlouquecido, o animal saiu em disparada e se chocou contra uma parede quebrando o pescoço.

A cena chocante da morte do animal fez Albert enlouquecer também. Ele saiu correndo pela cidade aos prantos, pedindo por ajuda, caindo e se levantando várias vezes. Só parou quando ficou diante de um velho "saloom", onde podia ouvir nitidamente o som de música e o barulho de pessoas conversando.

**

Trem Fantasma

Albert de Salvo entrou no "saloom", belas dançarinas animavam os frequentadores do lugar. Eles pareciam enfeitiçados pelas lindas raparigas, Albert também. Neste momento, ele até se esqueceu da má fama de Railway City, de que ela é uma cidade fantasma e de que seus moradores estão tecnicamente mortos.

De repente, tudo morreu outra vez!

Railway City voltou a ser uma cidade fantasma, literalmente! As luzes do "saloom" se apagaram, e as dançarinas e clientes sumiram. Mas não por muito tempo. Logo as luzes do lugar retornaram, e as dançarinas e clientes também. Mas eles não tinham mais uma aparência humana, eles agora não passavam de mortos-vivos, literalmente.

A cena de terror inimaginável gelou o sangue de Albert, seu corpo pareceu paralisar e ele só conseguia sentir medo. Tentando manter um pouco de sanidade naquele lugar infernal, ele juntou todas as suas forças e conseguiu sair do lugar. Correndo para o mais longe daquele pesadelo, ele se viu agarrado por mãos esqueléticas e apodrecidas, que tentavam lhe puxar de volta para dentro.

Por sorte, ele conseguiu se soltar daquele ataque zumbi e saiu correndo desesperado e sem rumo. Ele só queria fugir daquele lugar, e ir para o mais longe possível. Albert chegou até a antiga ferrovia de Railway City, e entrou em uma das muitas composições abandonadas pelo tempo.

Dentro do trem, ele começou a ouvir vozes vindas do nada, e vê vultos se esgueirando de um vagão para outro. Albert nunca havia sentido medo realmente na vida, até aquele dia. De repente, as luzes do trem se acenderam e os motores da velha "Maria Fumaça" voltaram a funcionar. Todos os acentos dos vagões do trem se encontravam agora lotados de passageiros, e o clima fantasmagórico do lugar tirou o último fio de sanidade que Albert tinha.

O maquinista apitou a velha buzina três vezes e o trem partiu!

A viagem não durou muito, pouco tempo depois da partida o trem acabou descarrilando e caiu em um desfiladeiro. Albert mal podia acreditar que havia sobrevivido ao desastre do trem, por alguma razão que ele desconhecia, acabou sendo lançado para fora da máquina pouco antes do impacto.

Ele então caminhou pelos trilhos na direção onde a composição caiu, e olhou para o desfiladeiro, onde o trem estava. Nada havia restado do trem além de ferro retorcido e corpos presos nas ferragens. E foi justamente um desses muitos corpos que chamou a atenção de Albert para algo terrível e impossível de acreditar.

Lá embaixo, presos nas ferragens, estava o seu corpo mutilado! Ao seu redor e em toda parte, os fantasmas de Railway City olhavam tristes para o nada.

FIM

TEMAS: Lendas Locais e Assombrações.

Johnathan King
Enviado por Johnathan King em 09/08/2019
Reeditado em 10/08/2019
Código do texto: T6716588
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