Nova Esperança

Ela não tem salvação. Pensar positivo, rezar, chorar, gritar, correr, pedir por favor, nada vai salvá-la. Não virá um herói no último momento para impedir seu fim. Não surgirá uma luz das nuvens para queimar o mal. Não adianta bolar uma estratégia, lutar, sentir medo. Não importa o quão brilhante, popular ou bonita ela já foi. Nada que fizer, nada que não fizer, vai impedir a criatura de estripá-la. Nenhum golpe de sorte. Deus a abandonou.

Ela não nasceu para ser grande. Não nasceu para viver até os oitenta anos. Não nasceu nem para ser feliz. Não nasceu para aproveitar as oportunidades. Se tivesse entrado pela outra porta, quem sabe? Mas, e se tentar de verdade? E se lutar até as últimas forças? O que perde com isso?

Não, ela não quer lutar. Não quer fugir. Mas também não quer morrer. Ela simplesmente não quer. Mas ela vai morrer. Ela vai acender um cigarro, enquanto o homem vem correndo em sua direção. Nada de medo, nada de gritos; sua última escolha é acender um cigarro da marca Nova Esperança. Nenhum homem, vivo ou morto, morto-vivo, vai fazê-la abaixar a cabeça.

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Para ler outro miniconto sobre apocalipse zumbi, confira "Madruga dos Vivos": https://www.recantodasletras.com.br/contosdeterror/6741657