Psicoclown - DTRL37 - Terror Infantil

“Lá vem o pato, pata aqui, pata acolá. Lá vem o pato para ver o que é que há.” cantarolava o palhaço enquanto caminhava lenta e tranquilamente pela beira da estrada ao cair da noite. Sua mão enluvada carregava a faca banhada em sangue que anunciava o que ocorrera há pouco. Um casal chorava ao encontrar seu filho, o pequeno Sammy, de 11 anos, morto.

— Senhor, meu filho está em choque pelo que aconteceu e...

— Nós sabemos, senhora Picket — interrompe a outra policial —, mas ele esteve com a vítima e precisamos saber se ele viu algo, ou alguém, que o assustou de alguma forma. Qualquer pista é importante neste momento.

— Ele é uma criança! O amigo dele acabou de ser brutalmente assassinado. Será que é difícil para os senhores entenderem isso? — segue a mãe, de maneira ríspida. Ela entendia a necessidade da polícia, porém seu instinto materno falava mais alto e ela teve que colocar o bem-estar de sua cria em primeiro lugar. — Ele falará quando estiver mais calmo. Agora, se os senhores puderem dar licença... — disse, fechando a porta em seguida.

Depois de dispensar os tiras, a mãe subiu até o quarto para apaziguar o filho. Billy acabara dormindo. Ela ficou ali olhando para o menino adormecido, tentando imaginar como estava se sentindo diante de tamanha tragédia. Deu um beijo na testa do garoto, acendeu o abajur e se dirigiu à porta do quarto, mas, antes que a fechasse, ouviu uma voz chamando.

O jovem, chorando, disse à mãe que havia tido um pesadelo.

— Aquele palhaço que seguia Sammy depois da aula apareceu para mim, mamãe — choramingou.

— Que palhaço, meu anjo? Do que você está falando? — perguntou ao passo que envolvia o filho em um abraço acolhedor.

— Sammy contou para mim, e também para o Code, que um palhaço sempre o seguia quando ele estava voltando da escola. Eu não acreditava nisso, mamãe. Achava que era invenção dele, mas Code disse que um dia voltou da escola o acompanhando e o palhaço apareceu mesmo. E agora... agora que isso aconteceu... — engoliu seco — foi o palhaço, mamãe. Foi o palhaço que matou meu amigo!

Algumas horas mais tarde, a polícia voltou à residência dos Picket. O detetive Walcott e sua parceira, Amanda, entraram e se acomodaram na sala. Apesar de tudo, o garoto estava mais calmo agora.

— Conte ao detetive o que você disse à mamãe sobre o palhaço.

Os detetives se entreolharam e prosseguiram:

— Palhaço? Conte-nos sobre esse palhaço, Billy — indagou a detetive.

Depois de ouvirem sobre o palhaço, os detetives chamaram a mãe de lado e disseram acreditar que Billy tinha estado em perigo.

— Como assim?! — indagou a mãe.

— Um amigo dos garotos, Code, também relatou para a mãe sobre o tal palhaço dias atrás — confidenciou o detetive Walcott. — O ocorrido é que fomos até a casa desse menino após o ocorrido com Sammy e o encontramos morto.

— Se enforcou na garagem — complementou Amanda.

— Meu Deus, isso é horrível. Preciso tirar Billy daqui!

— Não, senhora Picket. Você não entendeu. Deixe-me explicar. Não existe mais perigo. Achamos a fantasia de palhaço e a faca encharcada do sangue de Sammy no quarto de Code — disse a detetive em tom bastante abatido.

— Havia uma mensagem no computador dele — continuou o detetive Walcott. — Dizia “Eu não podia viver fazendo isso”. O garoto matou o amigo e pretendia matar Billy também, mas parece que a culpa o levou antes.

Naquela noite, nem mãe nem filho conseguiu dormir. Ambos ficaram abraçados no sofá sem dizer nada por um tempo. A senhora Deborah Picket estava chocada com o ocorrido, mas, ao mesmo tempo, um sentimento de alívio a tomava por inteira. O assassino estava morto e sua cria estava salva...

— Filho — murmurou ela, quebrando o silêncio —, tem uma coisa que não faz sentido. Code não estava junto com Sammy em uma das vezes que o palhaço apareceu?

— Code inventou isso, mamãe. Psicopatas são assim. Eles mentem.

Ela ficou pensativa.

Billy levantou-se do sofá, deu um beijo na mãe e disse que iria se deitar. Subiu a escada cantarolando, “Lá vem o pato, pata aqui pata acolá. Lá vem o pato para ver o que é que há...”

FIM

Tema: Criança se Descobrindo um Serial Killer / Palhaço

DeVille
Enviado por DeVille em 15/10/2019
Código do texto: T6769866
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