Corrente de ar

Por mais uma noite eu acordo no mesmo horário, duas e quarenta e cinco da manhã, já é a quarta noite seguida, a quarta noite que acordo com a sensação de que algo está sobre mim, um olhar, uma presença, algo que me pesa tanto o corpo quanto a alma. Ergo-me da cama, como se estivesse tentando fazer isso desesperadamente; espero os meus olhos se acostumarem com a pouquíssima claridade enquanto tento controlar a minha respiração e os batimentos do meu coração. Eu senti que havia acordado de um pesadelo, um pesadelo vivo, mas que eu não me lembrava de nada e isso me fez questionar sobre o suporto sonho como se isso importasse.

Com a respiração já controlada, eu olho envolta, eu tinha a intenção de procurar algo diferente no cenário do meu quarto, olhei na direção da estante de livros, fiz por pura cerimônia, tendo em vista que não tenho esse tipo de memória para lembrar da ordem em que estavam, eu poderia reparar se tivessem caídos, mas, não estavam; olhei na direção do guarda-roupa, uma das portas estava aberta, a porta do ponto mais escuro do guarda-roupa, no entanto, eu sempre acabo deixando aquela porta aberta, geralmente quando eu chego cansado e apenas caço alguma roupa para dormir e largo a porta aberta. Ainda que cada argumento da minha consciência fosse contrário, por não fazer sentido, eu me debrucei para olhar debaixo da cama, me debrucei vagarosamente, senti como se uma leve brisa corresse por debaixo da minha cama, uma cama encostada na parede, sem qualquer corrente de ar, em seguida a leve brisa ficou ritmada, simulando uma respiração profunda, nesse exato momento, eu prendi a minha respiração.

Eu procurei acostumar a minha vista a escuridão que se fazia embaixo da minha cama, tentei enxergar de onde via aquela corrente de ar, assim que meus olhos se acostumaram com os tons das sombras, e não havia nada, claro haviam sapatos, lixos e afins, me sentindo qualquer coisa próxima de estar satisfeito, pois eu pude ver que não havia nada, decidi voltar a me deitar e quando peguei impulso para voltar a me deitar, senti uma brisa um pouco mais forte e quente passando pela minha orelha direita e por mais que a brisa fosse quente, congelou a minha espinha e arrepiou os folículos do meus pescoço.

Praticamente no mesmo instante eu senti um vendo mais forte, como se algo passasse do meu lado, alguma coisa que eu não conseguia enxergar, por causa da posição que eu estava, eu não conseguia virar a cabeça para enxergar. Tomei folego e me levantei, olhei na direção desse dito algo que passou por mim, olhei em direção a porta, a porta estava semiaberta e balançando levemente, como se tivesse passado um vento por ela, mesmo que as janelas, tanto do quarto, quanto da cozinha e sala estavam fechadas, permaneci olhando para a porta, fixamente, piscava somente quando os meus olhos ardiam por causa da desidratação. Seguindo um embalo que aos poucos foi ficando mais forte, a porta encostou como se fosse fechar e de repente abriu por completa, com um vento entrando novamente para dentro do quarto, indo de encontro a janela próxima da minha cama, passando novamente por mim, a mesma corrente de ar como se algo, ou alguém passasse correndo ou voando do meu lado; o vento veio com tal força que fez a janela tremer por completo, tremeu como se algo forçasse uma saída.

Eu virei os meus olhos e os fixei na janela que tremia bastante e quando eu forcei os olhos para ver se eu conseguia entender alguma coisa, nesse momento, eu senti um fungado no meu pescoço, forte, sem cheiro, mas era quente; logo após sentir o fungado, a janela deu uma ultima tremulada e então, parou...

Abri a janela e a fechei e tranquei novamente para garantir, olhei novamente embaixo da cama, desta vez, não havia brisa, vento, ou corrente de ar, olhei para a porta ainda aberta e apanhei o meu cobertor e travesseiro, saí do quarto, fechei e tranquei a porta, e por fim, fui me deitar no sofá, com um pouco de custo, voltei a pegar no sono, contei com a auxilio do cansaço e depois de um sono pesado, acordei agora, com a janela do quarto batendo

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 19/11/2019
Reeditado em 07/09/2020
Código do texto: T6798616
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