Castigo do inferno

DURANTE a vida foi arbitrário, cruel, perseguidor e totalmente mau. Foi responsável por desespero, miséria e até mortes. Nunca, em vida, teve um gesto de solidariedade. Só de maldades contra o próximo, principalmente os mais pobres. Sempre desdenhou do castigo divino. Admitia que poderia até haver o inferno, mas isso devia ser ficção, morreu acabou, pensava e todo penso é torto. às vezes até fazia blague, dizia que era melhor r pro inferno que era mais animado, o céu devia ser muito tedioso.

Morreu. Nem os parentes lamentaram, terceirizaram o enterro. Só que para sua surpresa (do defunto mau) havia sim, o castigo divino. Foi informado na porta dessa "repartição" que aquela era sua nova morada. Cínico perguntou se era muito quente. A resposta do encarregado foi que não, não era quente, na verdade nem tinha temperatura. Mais, que ele deixaria na porta qualquer resquício de esperança ou de qualquer sentimento. Iria se juntar a bilhões que ali estavam, sem memória, sem comer e sem beber, não há fome, sem nenhuma perspectiva, apenas fitando o nada. O inferno era isso, a total irrelevância, o nó eterno na garganta, sinal que merece o castigo. Um nada, Nada total. Eternamente um nada. O homem entrou e virou um nada. Eternamente. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 31/12/2019
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