Chuva Torrencial - CLTS 13

 Meu nome é Nicolas. Tenho 30 anos hoje e desde que me conheço por gente, sempre gostei de chuva. O cheiro de terra molhada, o clima gostoso que sinto em dias nublados. É uma espécie de outra dimensão para mim. Onde moro, na maior parte dos dias faz um calor absurdo, então a chuva me faz sair da rotina. Permite-me entrar em uma nova realidade dentro de mim mesmo.

   Meu pai sempre me disse que a água limpa e cura. Eu não entendia quando criança tais palavras. Estou em frente ao meu computador pensando nisso. Pensando em algo que aconteceu e, na verdade, acontece até hoje. Eu só aprendi a lidar depois. Foi um processo complicado; vou lhes contar:

   Um dia, eu voltava da escola e começou a chover muito. Era março e o ano 1997. Eu estava curtindo o clima; aproveitava o aroma das árvores de eucalipto, a sensação de bem estar que o som de um dia chuvoso sempre me proporcionou.

   A primeira vez que aconteceu foi em uma sexta-feira, eu lembro! Caminhava assoviando uma canção dos Beatles. Acredito que era 'Eleanor Rigby'. Eu tinha 12 anos. Era uma criança, e o mundo, uma novidade a cada dia. Como eu gostaria que a sensação se mantivesse mesmo depois de adulto.

   É engraçado como as crianças desejam muito algo que os adultos possuem e quando se tornam adultos, anseiam ardentemente o tempo passado. No fim das contas é um grande mistério.

   A chuva começou tranqüila; mansa, mas foi aumentando. O percurso que eu fazia até minha casa era repleto de casas antiguíssimas e prédios construídos em sua maioria, nas décadas de 80 e 90. Existiam também alguns bares e uma banquinha de jornal que ficava ao final da Rua São Januário (a da minha escola), mas antes eu virava à direita em uma subida. Os fliperamas reinavam naquela época e eu sempre passava por um do 'Street Fighter', que ficava dentro de um bar no alto dessa subida, ao lado de uma maternidade.

   Assim que eu mudava de direção, ia de encontro a um largo que usavam de 'estacionamento' (Não deveria ser, mas usavam dessa forma). Lembro-me de uma fábrica que jogava um cheiro horrível no ar, o qual eu gravei em minha memória e narinas até hoje. Assim como o maldito cheiro, o meu tormento ali se iniciou.

   Eu estava com meu guarda-chuva na mão, recebendo as gotas de água, lutando contra o vento e caminhando um pouco mais rápido, quando eu vi a figura pela primeira vez. Não era uma pessoa e estava com uma roupa estranha; como farrapos envoltos à névoas. Hoje sei que são ectoplasmas. O rosto era disforme. Minha visão estava confusa e a criatura me causava tamanho horror, agravando ainda mais tudo. Se parecia muito com uma maquiagem de palhaço, mas sua feição era perturbadora em volto àquelas cortinas de fumaça. Fechei meus olhos e rezei muito para que sumisse. Ao abri-los, não estava mais lá. "Ufa!".

   Depois de algum tempo, eu descobri que aquilo não ia ser a única coisa estranha que eu enxergaria. Surgiram mais formas bizarras e sem sentido. Percebi também que os fenômenos passaram a acontecer sempre que chovia e principalmente à noite. Comecei a ter medo dos dias em que o sol optava por continuar dormindo. As figuras, monstros, espectros, fantasmas, seja lá o que for; surgiam e ganhavam força em meu mundo, conforme a natureza ditava as regras. Quanto mais água, mais eu enxergava manifestações sobrenaturais que me davam muito medo. "Nunca mais quero ver aquela figura sinistra", pensei.

   Caminhei pelo trecho inicial da Rua Senador Alencar, no bairro de São Cristóvão, onde eu morava. Procurava ficar tranqüilo, sem sucesso. O pavor já estava instalado dentro do meu pensamento. Tentava esquecer e fugir do assombro que corroia minhas entranhas, no entanto, a chuva não parava. Ela não iria ceder e aumentou mais um pouquinho. Apesar do clima estar prometendo se transformar em um tremendo temporal, eu lutava, buscando manter firme o meu guarda-chuva e meu equilíbrio psicológico. Acontece que eu era uma criança eu não sabia como fazer isso.

   Após alguns trêmulos passos, entrei à esquerda na Conde de Leopoldina; uma extensa faixa até chegar ao prédio onde morava. Essa rua tinha um monte de bares. Bêbados ficavam berrando alto, jogando e falando asneiras.

   Esses ambientes nunca são bons, você sabe. No plano espiritual, as coisas não ficam muito bonitas em locais assim. Na época eu não entendia muito, não tinha conhecimento à respeito dessas questões. No entanto, a chuva estava me mostrando isso. Por que eu conseguia enxergar outro plano de existência quando chovia? Não sei também. Apenas aconteceu e eu queria entender tanto quanto você que está lendo.

   Acelerei um pouco ao passar por esses 'botecos'; não gostava da energia que estava sentindo, muito menos das vibrações densas. Quanto mais eu me afastava dos 'bebuns' e fumantes, mais eu me sentia melhor. O peso ia diminuindo, até cessar por completo. Eu tentei assoviar uma canção dos Beatles que diz: "Lá vem o sol", contudo, aquele momento estava mais para "Eu vou chorar na chuva", trecho de uma canção que eu curtia muito ouvir da banda A-ha.

   Mais alguns passos e eu estava atravessando a Rua Bela, um nome um tanto irônico devido ao tempo. No passado, o mar chegava até essa rua. Barcos ficavam ancorados nela e havia um pequeno porto. Por isso o adjetivo 'bela'. No entanto, hoje a rua era toda coberta por um viaduto, o qual foi responsável por diminuir muito o valor dos imóveis em sua extensão.

   Um local que havia me proporcionado tanta alegria, hoje me enchia de medo. Eu podia ver as sombras pelas beiradas, ameaçando a cada instante minha vida. Eu sentia o temor aumentando a cada passo dado, em um cenário de total insegurança e desespero. Criaturas medonhas se escondiam nas sombras e eu precisava lidar com aquilo. O pavor me fazia tremer, ao mesmo tempo em que o meu ódio aumentava, pela situação de total inquietude.

   Com o temporal cada vez mais pesado, o horror se intensificou. Eu entrei no quarteirão onde morava, estava próximo de casa agora. Não pude entender se a figura espectral do palhaço havia de fato sumido ou estava planejando algo, pronta para me assustar novamente. Cada rosto que se formava nas paredes e detalhes das ruas me dava a sensação de que aquele fantasma estava a espreita.

   Quando passei por uma casa muito antiga, a qual era vizinha de uma loja com roupas usadas, meu coração quase saiu pela boca. O cachorro que estava no portão, começou a latir loucamente; chegando a babar um pouco.

— Porcaria! — gritei ao levar o susto.

   Um carro passou correndo a toda e jogou água da rua em mim. Tentei me proteger com o guarda-chuva, mas não adiantou muito. Virei-me para ver o cachorro novamente e o mesmo havia desaparecido.

— Talvez tenha ido para dentro da casa.

   A rua onde eu morava, chamava-se Esberard. Na minha direção, veio uma senhorinha vestindo uma capa de chuva rosa e ela tinha um lindo sorriso no rosto. Eu estava cansado e assustado. Desejava chegar o mais rápido possível em meu quarto e me livrar de tudo aquilo. A chuva não dava sinais de que ia acabar tão cedo. Ao se aproximar ela me fez uma pergunta:

— Olá menino, por acaso você sabe onde fica o Campo Paraíso? — seu olhar tinha uma paz que eu nunca esqueci.

— Campo paraíso? — Eu nunca tinha ouvido falar daquele lugar. Tentei recordar de algo assim, mas foi em vão. Realmente não conhecia. Eu conhecia o Campo de São Cristóvão, mas esse eu ainda não conhecia.

— Não conheço senhora. Desculpe-me.

   Pensei que fosse ficar chateada, mas seu sorriso aumentou e ela me agradeceu.

— Talvez seja para lá. — disse, apontando em direção a Rua General Bruce, onde nos finais de semana, acontecia uma feira de produtos usados. Eu amava ir nessa feira para procurar por Lp's antigos. Eu colecionava.

   As crianças de hoje em dia não sabem o que é música fora do formato de mp3, mas eu sabia muito bem pôr uma bolacha na vitrola e observar a valsa suave da agulha, fazendo a mágica acontecer ao tocar o vinil.

— Fique com Deus menino. Tenha um excelente dia.

— Você também, boa tarde! — respondi, ainda tentando buscar em minha memória se alguma vez eu havia visto ou caminhando por algum local chamado paraíso.

   Finalmente entrei em casa e ouvi meus pais conversando. Meu irmão mais novo, que se chamava Leonardo, estava em um passeio da escola, e percebi uma movimentação na casa. Ainda bem, não era de fantasmas.

   Um estrondo aconteceu lá fora, um trovão cujo clarão iluminou toda a sala. Meu pai me viu e veio me dar um abraço.

— Filhão! Que saudade! Como foi a escola hoje?

— Foi tudo bem pai.   

Pensei em alguma forma de expressar o que estava acontecendo.

— Pai, estou com medo e preciso te contar uma coisa. (Eu não sabia como fazer aquilo, sem imaginar que as pessoas, inclusive minha família, achariam que estou louco).

— O que houve? — perguntou meu pai, enquanto minha mãe chegava à sala também.

— Filhão! Ta tudo bem? — ela perguntou.

— Então, algo está estranho e estou com medo.

— Como assim?

— Estou vendo fantasmas; apareceram figuras estranhas por todo o caminho vindo para casa e estou com medo.

   Meus pais riram muito e me senti um completo idiota. Eu sabia que aconteceria, mas enfim...

— Você precisa parar de assistir filmes de terror e dar uma pausa nos livros do 'Stephen King'. — eles disseram.

   Filmes eu até conseguia deixar de assistir um pouco, mas leitura era e sempre foi essencial pra mim. Ainda mais do autor que eu sempre fui extremamente fã.

   Meu pai afagou meu cabelo e disse que ele e a mãe iam ao centro da Cidade, para fazer algumas compras. Eu não gostei de saber daquilo, óbvio. Ficar em casa sozinho, após ver aquelas criaturas e estar cheio de medo não era meu plano de fim de tarde.

— Pai, mãe. Vão amanhã!

— Amanhã eu vou levar sua avó para fazer exames e hoje consegui uma folga para poder ir com sua mãe ver algumas coisas para a casa.

Sim, a casa.

   Onde eu morava com meus pais era um imóvel de 100 metros quadrados. Nossa casa tinha um corredor imenso que ficava na entrada. Meu pai deixava seu casaco de frio e algumas peças de roupas penduradas em um cabideiro, bem ao lado da porta. No final desse corredor, havia a sala com um quadro bem no meio dela.

   Na pintura, uma paisagem com algumas pessoas, um menino e uma menina, acompanhados por um cachorrinho feliz correndo. (Bem diferente do cachorro, que eu havia visto no mundo real. Se é que era real, eu já não sabia mais). Alguns vasos de planta, estampados com desenhos ornamentais e uma mesa de centro compunham quase toda a mobília da sala. Somado a isso, tinha a estante com algumas garrafas de bebidas, entre elas, vinhos e cervejas importadas.

   O banheiro ficava próximo à área de serviço, nos fundos, e os dois quartos encontravam-se quase dispostos um em frente ao outro. O quarto de meus pais à esquerda e o meu a direita da sala.

— Sim filhão. Estamos precisando de arroz e outras coisas que já estão acabando. — disse minha mãe.

— Tudo bem. — falei, resolvendo encarar o medo de ficar sozinho. — Que horas vocês voltam?

— Logo estaremos de volta. — mal sabia eu, que esse 'logo' levaria anos para chegar. "Tudo bem", respondi.

   Outro trovão eclodiu na janela atrás de mim e iluminou a sala novamente. O clima chuvoso era bom, mas o medo aumentava cada vez mais.

   Fui para o quarto e tratei de me preparar para o banho. Quando eu estava deixando a mochila na cama, imaginei ter visto a porcaria do palhaço no espelho e gritei de pavor.

— O que aconteceu? — meu pai veio correndo me perguntar

— Nada pai. Apenas bati com a canela na quina da cama.

— Foi só isso? Tem certeza?

— Sim, esta tudo bem. — respondi, temendo ser taxado de cagão.

— Beleza, qualquer coisa só falar. — disse meu pai. — Vem cá, deixa eu te dar um beijo, pois já estamos de saída. — me beijou a testa. — Trate de comer o que a sua mãe preparou, ela fez o macarrão que você tanto ama.

   Eu realmente amava a comida que minha mãe preparava. Meu pai também mandava bem na cozinha. Às vezes, ficava na dúvida de quem cozinhava melhor.

— Vou comer.. fiquem tranqüilos. — não sei se soou natural, pois eu não estava bem.

   Meus pais saíram e foram ao centro da Cidade. Agora eu estava ali, no centro da sala, me borrando de medo. Enfim, precisava tomar uma ducha e me dirigi ao banheiro.

   Antes de chegar ao mesmo, existia um espelho imenso, que minha mãe resolveu colocar na sala. Quando passei por ele, um trovão explodiu lá fora e o clarão que foi lançado me fez ver a imagem do maldito palhaço, novamente. Gritei e sai correndo até alcançar meu destino.

   Estava ainda mais assustado, dentro do banheiro agora.

— Droga! Eu só queria que essa chuva parasse um pouco. — No entanto, tudo dava a entender que nem tão cedo ela cederia.    

   Eu nem pensava mais no banho, apenas queria que um solzinho aparecesse e levasse embora os fantasmas e meus medos. Mais uma vez, a chuva dava a entender que desejava aumentar e acabar de vez com minha paz.

   Sai do banheiro. Busquei relaxar um pouco e distrair a mente assistindo filmes. As horas foram passando e tudo estava bem, até que passei a ouvir sons, vindos do porão da casa. Eram pancadas fortes, como se estivessem tentando derrubar uma porta com um tronco grande de árvore. Enfim, é a melhor maneira que encontrei de descrever o que eu estava ouvindo naquele momento.

Pooooooooooww! Mais uma pancada.

— Deus do céu, o que será isso? — me perguntava, totalmente paralisado de medo. Pooooooow! Mais uma.

— Caramba, o que eu faço?    

   Uma vontade imensa de encarar aquilo começou a surgir em mim, pois eu não estava confortável com aquela situação. Enfrentava ou ficava ali, me borrando de medo.

Pooooooooooooooow!

— Droga, droga, droga! — Comecei a ficar revoltado. — Eu preciso ir lá. Que se dane o que é isso! Eu preciso encarar! Estou pouco me lixando para o que posso ver!   

   Assustei-me com um novo trovão. Ao menos parecia que as pancadas haviam acabado. Engano meu. Elas continuaram e ficavam cada vez mais fortes. O som que vinha do porão da casa era cavernoso e eu não fazia a mínima idéia do que podia estar fazendo isso.

— Porcaria de palhaço, se for isso eu vou acabar com ele. — pensei comigo, tentando criar alguma coragem.

   Fui caminhando para as escadas que levavam ao porão. Mais um relâmpago e outro estrondo. A chuva realmente estava tornado tudo mais complicado. Estava ficando tarde e cada vez mais a noite se aproximava. Eu me perguntava o porquê de meus pais estarem demorando tanto pra voltar. Podia ver coisas estranhas à espreita. A chuva somada à noite, me fazia enxergar muito mais do que eu gostaria. Isso não era nada bom.

   Peguei minha medalha de São Bento e prossegui. Algo me deu uma sensação de força e coragem; estado psicológico ou a Fé, talvez. Quando finalmente cheguei em frente ao porão, meu coração parecia que ia explodir e eu não soube o que fazer em seguida. "Abrir aquela porta ou ficar me borrando de medo?". Que se dane! Apertei com mais força minha medalha e abri o pesado portão de ferro.

   O ranger das dobradiças pareciam arranhar minha alma. 

   

   Aparentemente tudo estava normal. Continuei caminhando e vi as ferramentas e porcarias que meu pai guardava naquele lugar. Eu imaginava que tudo estava bem até que algo me empurrou e começou a rir. Era uma risada horrível que me encheu de medo e ódio por estar passando por aquilo. Novamente aquele maldito palhaço aparecia e apontava o dedo para mim, zombando.    

   Eu gelei e por um momento não consegui me mover. Pude ver quando aquela figura maléfica abriu um enorme sorriso mostrando dentes afiados e cheios de sangue. Eu gritei e o mandei voltar de onde viera, mas não me deu a mínima atenção. Eu estava apavorado e ao mesmo tempo com vontade de acabar com aquele desgraçado.

   A figura sinistra começou a caminhar em minha direção e eu não sabia o que fazer. Novamente peguei minha medalha de São Bento e comecei a orar. Um pai nosso e uma Ave Maria. Orei com muita, muita fé e coragem. A sensação era a de que não estava adiantando. "Você vai morrer hoje Nicolas; hahahaha... Que nome mais idiota para um garotinho cagão e fraco!", o maldito continuou a caçoar e eu já imaginava que seria meu último momento vivo. Tentei mais uma oração. Já não sabia se orava ou guardava fôlego para respirar. Estava sufocado de medo e angústia. Eu ia morrer, não tinha mais jeito. Por um momento imaginei que ia desmaiar de tanto pavor e sofrimento.Foi quando algo aconteceu...

   Não pude acreditar no que estava vendo, mas a senhorinha que havia falado comigo um pouco antes de eu entrar no prédio onde moro, estava ali. De uma forma angelical e envolta com uma luz intensa e cheia de feixes verdes e azuis, ela estendeu a mão contra o palhaço e o mesmo prosseguiu com suas risadas de deboche. Contudo, dessa vez, eu podia sentir um pouco de medo e angústia na figura infernal.

   O maldito espectro estava se transformando em um punhado de vermes e uma gosma verde, nojenta. Talvez estivesse se borrando de medo da mesma forma que eu também estava. Ele gritou algo contra ela e falava uma língua que eu não conhecia. No mesmo momento eu a pude ouvir dizer em alto e bom som:

— Saia daqui agora, figura das trevas! Eu te condeno eternamente a voltar e permanecer de onde viestes! Eu sou a coroa e a paz, eu sou a Rainha!

   O espectro começou a gritar ainda mais alto e tentou ir em direção a ela. Talvez seu grande erro, pois ao entrar na forte luz celeste, começou a se desmanchar em gritos e sua forma estava completamente incompreensível. A maquiagem de palhaço estava totalmente desfigurada e ele parecia afundar em um buraco no nada. O processo foi algo assustador e que pareceu levar muito tempo. Até que acabou!

   Quando finalmente percebi que o mal havia ido embora para sempre, a senhorinha que agora estava incrivelmente bela e cheia de uma luz divina veio até mim.

— O pesadelo acabou. Você está livre por sua fé.

— Tenho medo das coisas que vejo na chuva. — eu falei.

— Não temas mais. Você tem uma missão aqui na terra, mas sempre estarei aqui para ajudar.

   Ela me disse e foi sumindo aos poucos. O porão estava mais claro do que se fosse iluminado pela luz do sol e eu vi aos poucos, a senhorinha sumir.

   Depois de tantos anos eu ainda tenho medo e amo demais essa experiência. Com o passar dos anos, eu aprendi a lidar com os fenômenos. Acredito que cumpro uma missão, porém não sou mais requisitado para tal, faz tempo. Contudo, o que eu vi naquele dia e nos que se seguiram, ficaram gravados na minha memória.    

   A paz que aquela senhora colocou em meu ser, foi o que mais me marcou até hoje. Ás vezes parece que consigo enxergá-la nas nuvens. Em alguns momentos, ela fala comigo nos sonhos. De qualquer maneira é bom saber que com coragem, mesmo nos momentos mais escuros, podemos recorrer e encontrar a luz divina mais intensa e forte; a fé. 

Bruno Tavares
Enviado por Bruno Tavares em 26/10/2020
Reeditado em 18/11/2020
Código do texto: T7096311
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