A JAULA

Antro de sádicos, aquela taberna lucrava com a dor da inocência. Moças jovens praticamente desnudas, eram colocadas em uma jaula sobre a mesa central, onde mediante apostas e lances lhes eram infringidas toda a sorte de torturas, eram queimadas à ponta de facas incandecentes, arrancavam-lhes mechas de cabelos, cuspiam sobre elas, até nacos de suas carnes eram tirados. Tudo aos berros, cheios de impropérios e obscenidades. Quão mais elas choravam e gritavam, mais a horda de nojentos cruéis se regogizava e as atormentavam ainda mais. Muitas não suportando tanta dor morriam em estertor, só que ao serem descartadas ainda tinham seus corpos inertes violados de forma brutal, sendo substituídas em seguida na jaula. O taberneiro Louis Saint 'enchia a burra' de moedas de ouro e prata, muito sal e peles curtidas de animais. Gargalhando com seu sorriso podre, buscava no porão outra moça, trazia a pobre desnuda arrastada pelos cabelos e a prendia na jaula.

A moça da vez era a filha sequestrada de um nobre de uma cidade bem próxima, Verdana Luna, jovem, alta, alva, de olhos verdes impactantes, belíssima a ponto de calar por segundos a turba taberneira, ela era uma visão de deusa, mas, longe de ser dócil ao contrário era a rebelde e impulsiva de sua família. Deu trabalho para sequestrar e para ser colocada na jaula, os arranhões nos rostos do taberneiro e de seu ajudante comprovavam isso.

Logo os lances e apostas vultuosas começaram, pois uma deusa daquelas não era comum naquelas paragens, tampouco na taberna. Verdana Luna bufafa de ódio, logo à primeira espetada de uma faca soltou um grito tão agudo como se uma águia fosse. Um brutamontes enfiando sua mão pela grade da jaula, se distraiu e Verdana Luna ágil qual uma raposa rouba-lhe a faca decepando alguns dedos com ela, com fúria.

Gritava e urrava como um animal, se protegendo como se fosse uma leoa guardando seus filhotes. A horda insandecida foi a loucura com o espetáculo bizarro. Outro imbecil permitiu que ela se apossasse de outra faca, então, um tumulto se deu. Verdana Luna consegue quebrar o fecho da jaula e armada com as duas facas, pula de dentro de sua prisão esfaqueando quem se aproximasse dela. Numa corrida desabalada, enfia uma das facas na testa de um dos torturadores, sai pela porta, saltando em pelo sobre um dos cavalos parados na porta e foge pela estrada.

Poucos quilômetros depois com o cavalo já babando, se depara com um grupo de busca comandado por seu pai, que se desespera ao vê-la naquele estado. Prontamente cobre a filha com uma pele, enquanto ela lhe conta parte da história. Dando ordens para que um de seus guerreiros levasse a filha para o castelo, parte com o resto do grupo para a taberna com ódio nas ventas e fúria no peito.

Invadem a taberna, degolando e rasgando todos que encontraram por lá. Ao taberneiro destinou o pior e arrancou-lhe a pele antes de capá-lo tal qual um porco. Foi sangue e vísceras para todo lado. Libertou as outras duas cativas do porão, ordenando que seus guerreiros as cobrissem com peles e tentassem devolvê-las às suas famílias o mais rápido possível. Partiu depois com o restante do grupo, deixando a taberna em chamas. A justiça foi feita para todas as moças que ali foram torturadas e mortas.


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Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 05/11/2020
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T7104770
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