O que tem dentro das paredes? (pt II)

A manhã raiou, mãe e filha resolvem explorar a região; atrás da casa existia uma pequena floresta onde corria um pequeno rio, com entusiasmo saíram as duas em direção à mata. O cheiro de folhagem úmida abraçava as duas como em agradecimento e quanto mais Emma e Su adentravam ao amontoado de árvores, mais os raios solares daquela manhã se perdiam entre as copas.

Chegaram até as margens do rio, Su se agachou para brincar com seu reflexo na água; enquanto Emma observava a sua filha, um vento forte fez tremer as folhas das árvores como um presságio, Emma olhou para cima, distraída com o balançar das plantas;

Suzan caiu dentro do turvo rio.

Emma sempre foi o tipo de mãe super protetora, quando Suzan estava aprendendo a andar e sofria pequenas quedas, Emma simplesmente travava no momento de reagir, o medo dizia “olá” abraçando seu corpo todo, o frio subia pela sua espinha e ela ficava inerte, enquanto Su chorava após ganhar um novo ralado.

Emma via sua filha se debater nas águas escuras e afundar repetidas vezes mas suas pernas não obedeciam o resto do corpo, o pânico fez tudo paralisar; Emma parecia observar tudo de cima, parecia não estar ali.

Suzan emergiu uma última vez e sumiu nas águas.

Nesse momento Emma recobrou a consciência e os gritos da pobre mãe rasgaram ferozmente o silêncio da floresta, ela pulou no rio em busca da criança, foi ali que não acreditou no que viu, o pavor só podia estar fazendo a sua mente imaginar coisas, Suzan estava flutuando e sendo empurrada pela correnteza até a margem do outro lado.

A mãe desesperada nadou até o outro lado, pegou a menina nos braços, ela não estava respirando, em um ato de desespero, faz respiração boca a boca e vomitando todo o café da manhã, a menina voltou a consciência.

No hospital, Su perguntou a sua mãe onde estava Marnie.

- Como assim, Suzan?

- Quando eu afundei no rio, Marnie me falou que ia me ajudar a sair de lá e me puxou para fora da água, ela disse que sempre iria estar comigo pois era minha amiga.

Apesar da estranheza nas palavras da sua filha, Emma não levou a sério, a menina tinha se afogado, com toda certeza esse salvamento pela Marnie era fruto da imaginação.

O que não saiu da sua cabeça foi a criança flutuando até a beira do rio, apesar de não ter crença em seres superiores, ela se pegou agradecendo a algo ou alguém por sua filha estar bem agora.

Mal sabia Emma que existia alguém sim, e estava mais próximo do que ela imaginava.

Continua.

APPEARED
Enviado por APPEARED em 19/11/2020
Reeditado em 21/11/2020
Código do texto: T7115632
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