O PREÇO DA MORTE XVI

Tanto pensar.

Se perder se encontrar nos pensamentos.

Cresceram pêlos nas orelhas do defunto.

Hipertricose auricular.

Herança paterna.

Volta e meia o defunto jura.

Dado ranço que nutre do pai.

Que no passado agredia a própria esposa.

Bateram na porta.

- Ficas enfurnado no quarto, saía meu irmão. - insistia toque toque a irmã do defunto.

O defunto improvisou uma tira de tecido na cabeça tampando a região cabeluda das orelhas.

Discretamente o defunto fazia suas necessidades fisiológicas no banheiro social.

Abrimos um parêntese pra questionar enredo de livros e filmes, nos quais fica parecendo que os personagens nunca não ao banheiro.

Justifica-se por certa intolerância de Scripts.

Com a bosta e o mijo.

Defunto caga e urina.

Igual qualquer Transeunte.

Igual o 'Bostanaro' caga...

(mais é medo de ser preso)

O defunto é que é limpo.

Porquanto após o 2 (dois) sempre banha a bunda.

A bem da bunda.

Ops.

A bem da verdade.

Era chegado a Superlua de sexta-feira 13.

O defunto prestes a se metamorfosear em lobisomem.

Isto explica as orelhas assustadoramente barbadas.

Sorrateiramente o defunto atravessa a Sala de TV que dá acesso ao corredor entra e fecha a porta do banheiro.

Percebe ao se olhar no espelho, dependurado na lateral da parede, que seu corpo está encurvado.

Retira o nastro da cabeça, e a camiseta que colocara, para ir ao banheiro.

Perante o espelho da pia, fios grossos e densos nas orelhas.

Não existia aquela leve protuberância na costela tampouco pelugem loura nas costas.

Verdadeiramente o defunto tá virando lobo.

🐺

Tenta endireitar a coluna, de soslaio levanta a cabeça, começa a rosnar sem querer.

O dente siso que o defunto passou a usar no colar como amuleto, se convertera de forma sobrenatural em dente de lobo.

Aproveitou que o pessoal de casa estaria fanático rezando o terço - na própria sala de TV.

(sequer repararam a corcunda do defuntolobo)

Seguiu ligeiramente o itinerário entre o banheiro e o quarto.

Logo em seguida caçou um jeito ganhando as ruas do Condomínio.

O nastro envolvia a intensa cabeleira loura.

Ele era agora mistura de lobisomem e defunto.

Em frações de minutos o defuntolobo estava na Comunidade da Carobinha.

O instinto de lobo lhe conduziu até a alcatéia da milícia.

(Estado paralelo dando lugar Estado de Direito)

A milícia que nem amuleto.

(Em troca de proteção contra facções)

Vendendo seus produtos cujo portifólio passa desde o galão da água mineral passando pela conexão de Internet até a cobrança de mensalidade aos comerciantes e moradores, em troca da pseudo segurança nas Comunidades.

O instinto selvagem do defuntolobo estaria lhe seduzindo a uma recaída junto aos milicianos?...

O defunto percebeu que os colares que levava ao pescoço indicavam o caminho que devia seguir.

Embora o dente siso se transformara em enorme dente de lobo.

A amarronzada ágata de fogo ficou pálida e esbranquiçada.

Como se ele (o defuntolobo) enternecesse.

A pedra ametista de outro colar arroxeada assumiu a feição de nuvem.

Tudo aquilo ao toque das garras do lobodefunto o fazia acreditar na difusão do amor fraternal.

Abstrai que policial envolvido em milícia desejoso manter-se ocupado ante a demissão, reforma, ou aposentadoria.

Simplesmente se inclinava pro mal tentando praticar o bem.

Municiados o problema é aproveitar da fragilidade dos outros.

O lobodefunto infiltrou alí.

A face está peluda e o corpo corcunda.

Mãos e pés são garras.

Já não tem calçados e roupas estouraram.

Esconde numa plantação de xuxu.

Uiva alto ao tentar falar consigo.

Ao passo que detém força sobrenatural e pode ir e destruir - toda aquela vivência.

Escutou as sirenes do caminhão do Corpo de Bombeiros.

Alguém chamou.

Certamente por causa dos uivos, o nosso lobodefunto já não conseguia conter.

O defunto rapidamente idealizou que todos os seres do planeta devem ser fortes iguais ao lobo e utilizarem suas forças não pra destruir e sim pra reciclar, pensamentos, ações, emoções, decisões, ambientes.

Escolhas.

Em frações de pensamentos, o lobodefunto atormentando pelas moscas do lugar, escafedeu-se.

Não importava que fosse dia.

De noite passou a saltar sob quatro patas.

A presença do lobodefunto amedrontava quem o avistava de soslaio e escutava os seus uivos pra Superlua.

(As ligações 190, 191, 192,193... não paravam)

Obviamente os milicianos chegaram juntos pra resolverem a parada.

- Que susto o vulto passou uivando! - exclamou a moradora.

- É meio lobo meio defunto. - afirmou o barbeiro.

- Por que meio lobo? - indagou o miliciano.

- O cabelo dele é todo crescido.

- E por que meio defunto?

- Porque leio estes contos no Recanto das Letras.

O miliciano sem entender aproveitou e cobrou a mensalidade do barbeiro.

O povo não quer viver amedrontado.

Seja o miliciano Seja o lobodefunto

Nenhuma viatura conseguiu localizar o lobodefunto.

No Condomínio que lhe fazia pousada, na cidade do Rio de Janeiro, há uma área de mata virgem cercada por alambrados.

O lobodefunto se entocou por lá.

Saltou o alto alambrado do lado externo para o interior do Condomínio com a agilidade do lobo que existia em si.

Se alimentou da revoada de pássaros.

Precisava uivar com alguém.

Melhor escrevendo.

Ele desejava dialogar com alguém.

Embora alguns moradores do Condomínio fossem da milícia não se observa alvoroço.

Depois da própria mãe na Terra e de Deus acima dela no céu vinha a irmã do defunto.

Do jeito que tava decidiu confidenciar com a maninha.

(O pior é que acentua a transformação)

Contudo.

Se o aceitaram fedido ressurreto de um caixão no velório.

Aceitariam-no genuinamente lobo selvagem.

A cadelinha presa à corrente latiu assustadoramente, fazendo escarcéu, enquanto a senhora sogra da irmã dele pega um balde com água no tanque de lavar roupa e lança molhando esfriando a cuca antes que a cadela infartassse de medo do lobo bom.

O lobodefunto adentra o segundo piso na varanda da residência, iniciando telepaticamente o diálogo com a irmã.

Agora o choro da cadela se mistura com sirenes de tudo que é lado.

A garotada que brincava de bola no campo acompanhou a escalada do lobodefunto, denunciando o sobrenatural.

- Minha irmã! tou em apuros, me responde, é teu irmão defunto, algo sobrenatural ocorreu comigo, por influência da Superlua cresceu cabelo nas orelhas espalhou pelo corpo. - lamentou o lobodefunto em sincronia de pensamento.

- Calma meu irmão escuto teu clamor, esta magia vai agora acabar! - ordenou a irmã do defunto (ao Universo) que o feitiço acabasse.

- Primeiramente - diz a irmã, não é suficiente só o desejo de desfazer sem a sintonia para aquilo e se quero quebrar o que eu mesma fiz - confidencia a irmã, aí ela de dentro de seu quarto de casal enrolou o castiçal com a vela levou ao pé da cama recitou palavras rimadas e quebrou com o martelo que apanhara.

(Imediatamente o defunto voltou a forma humana)

Tocaram insistentemente a campainha da casa o batalhão de pessoas fortemente armados.

- Deixem-nos entrar, recebemos denúncia de que entrou nesta casa, o sobrenatural que assustou muita gente o dia todo aqui do largo hoje o dia inteiro!

- O sogro da irmã do defunto, reformado da polícia militar, conversou bastante a fim de se inteirar do ocorrido, enquanto a irmã do defunto conduziu o irmão descendo as escadas para o primeiro piso, até o banheiro a fim de que banhasse e lavasse a boca com vestígios de sangue (da revoada de pássaros que comeu).

- Tudo bem, afirmo que nada de anormal aconteceu em nosso lar, estávamos inclusive rezando 1.000 (hum mil) Ave Marias, mas podem entrar.

- Após subirem ao segundo piso, sem nenhuma pista do sobrenatural.

Saíram encabulados com o desfecho deste último episódio - da quarta temporada.

("O PREÇO DA MORTE")

Edras José
Enviado por Edras José em 06/08/2022
Código do texto: T7576417
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