"Eu"

Sou muito possessiva e sempre tive ciúmes das minhas coisas, isso já me causou varias perdas, principalmente em se tratando de pessoas e animais.

Tenho ciúme dos meus livros, das minhas coleções de cartão telefônico, dos meus cd’s, dos meus bichinhos de pelúcia, das minhas roupas.

Dos amigos...

Imagina que já briguei com minha irmã por ter se tornado amiga dos meus amigos??? Ou quando uma amiga da faculdade começa a andar e fazer trabalhos e a se “confessar” com outra ??? fico dias emburrada, triste, magoada.

Os namorados então nem se fala.

São meus e pronto, não suporto que eles virem a cabeça pra olhar pra outra mulher, que falem com outra mulher, nem que sejam gentil com outra mulher.

Por isso estou só agora.

Sou primogênita de cinco filhos.

Sempre me senti mal amada, meio enjeitada, penso que meus pais muito novos não souberam me dar atenção e amor que toda criança precisa, ou desejavam um homem para primogenitura, por isso ansiei desde muito cedo encontrar o príncipe encantado, a alma gêmea, a tal metade que todo mundo tem.

Não sei se não dei sorte, ou se minha obsessividade me causou a solidão.

Meus relacionamentos nunca foram tão sérios, nem duradouros, mais sempre intensos, pelo menos pra mim, ate que encontrei uma pessoa diferente.

Pensei que dessa vez seria pra valer, que viveria com ele ate a tão famosa frase “até que a morte nos separe”.

Apesar de toda carência eu sempre escolho os “piores” parceiros para atender minhas necessidades e carências. Sempre são incessíveis, mulherengos, ocupados de mais, ou despreocupados demais.

E assim aconteceu mais uma vez.

Ele não tinha beleza física, nem eu tão pouco procurava por isso, mais tinha um magnetismo sobrenatural, uma simpatia e um encanto capaz de derrubar qualquer paradigma levantado como barreira de proteção.

Cruzamos-nos na prefeitura da pequena cidade onde morávamos, nos olhamos e... Baammmm, assim de repente eu me apaixonei.

Não sabia nada sobre ele, mais não conseguia esquece-lo.

Dias se passaram até que nos encontrássemos de novo, mais durante esse tempo minha atenção se voltava pra ele, aonde ia, o que fazia, sempre procurava reencontra-lo. Até andei perguntando e descobri algumas coisas mais não o suficiente.

Por incrível que possa parecer algo semelhante também aconteceu com ele. Seu interesse também foi tomado e ele procurou saber a meu respeito.

Quando enfim nos conhecemos foi como se descargas de eletricidades jorrassem entre nos.

Poucos dias depois estávamos vivendo junto.

Ele ainda era um desconhecido pra mim, assim como eu para ele, mais não importava, queríamos a mesma coisa, estar juntos.

Só que essa fixação não tornou as coisas mais brilhantes e mais fáceis nem pra mim nem pra ele.

Eu continuava com minha obsessão, ele homem político de uma simpatia impar como já falei, atraia muitas atenções e por isso acirrava meu ciúme. Em pouco tempo, apesar de não conseguirmos nos separa um do outro, já brigávamos intensamente e quase que diariamente.

Por causa de suas atividades e auto-estima pessoal, me tornei insegura, e desconfiada. Sempre que ele saia minha imaginação me torturava a raias da loucura, e por isso sempre surgiam acusações e brigas constantemente.

Foram 3 longos anos antes da primeira separação.

E apesar de brigarmos incessantemente também nos amávamos, mais também éramos ambos orgulhosos demais para dar o primeiro passo. Assim ficamos 2 anos longe um do outro, curando as feridas, nos restituindo.

Já pensava em pedir a separação litigiosa quando ele me procurou novamente. Disse que apesar do tempo longe, me amava que não haveria ninguém mais alem de mim para ele, eu balancei.

Ainda levou alguns meses para que de fato eu perdesse o medo, e me envolvesse novamente, mais enfim cedi.

Não durou muito para minha insegurança apenas adormecida se manifestasse ainda pior.

Ate de suas irmãs e mãe desconfiava. Os amigos então... todos tramavam contra mim.

Brigas inúteis, confusões e discussões se tornaram cada vez mais freqüentes e não mais estimulavam para uma reconciliação maravilhosa.

Já nem nos suportávamos no mesmo ambiente. E apesar de nos gostarmos muito não tínhamos mais muita coisa em comum.

Separamos-nos de novo.

E só então tomei consciência de que estava doente. Doente de ciúme, de insegurança, de baixa alta-estima, de obsessão.

To procurando ajuda, mas nem sei por onde começar... lembro de um livro que li a muito tempo atrás sobre loucura e depressão, crio que do Paulo Coelho, alguma coisa como Verônica decide morrer, historias tão comuns, tão iguais as minhas...

O que devo fazer??? Esquecer??? Mais como ??? esperar??? Ate quando???

Agora eu ando chorosa e tristonha, quase sem vida, não vivo, sobrevivo.

Ele solitário ainda, também vaga por ai, não sei por quanto tempo vai estar assim, homens são incessíveis, e esquecidos, duros na queda, se restabelecem rápido e partem pra outra.

Mais a mulher... ah a mulher.... acho que meus pais tinham razão, eu deveria ter nascido homem.

midynigth
Enviado por midynigth em 26/03/2007
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