AS CRIANÇAS CÓSMICAS

Deus é Deus e vice-versa

Muitas vezes relembro aquele dia em que fui despertado a vez primeira do meu sono profundo.

Sob as folhas e as flores, muitas vezes meditei:

Quem eu era?

Aonde ia?

De onde vinha?

Não distante de mim, doce ruído de água corrente vinha.

De uma gruta saía à linfa e logo se espalhava em líquida planície, tão tranquila que outro céu tranquilo parecia.

Às margens do Rio Xingu, na Área Indígena Capoto/Jarina, na terra dos Caiapós tudo isso acontecia.

Eu sonhava...

Sonhava chorando e,

Sonhava sorrindo.

Sonhava calado e,

Sonhava grunhindo.

Sonhava deitado,

Sonhava em pé,

Sonhava andando e sentado

Sonhava acordado e sonhava dormindo.

Sonhava de noite e de dia, eu era HAYSHI,

Uma criança cósmica...,

E olhem que nem a Mimosa hostilis (Jurema), muito menos a noz – moscada (alucinógenos primários), havia ingerido.