Garganta
Carla: _E aí; como foi o sonho?
Wylza: _Ah, foi algo muito estranho. No sonho eu estava em casa; sentada à mesa. E a mesa estava cheia de comidas deliciosas.
Carla: _Hahaha! Tinha que ter comida no meio! Continua!
Wylza: _Então, aí eu comecei a comer. Eu comia loucamente, misturando cores e sabores. Cheguei a ficar com as mãos sujas de tanto comer.
Carla: _E o que tinha na mesa?
Wylza: _Ah, tudo que eu gosto: carne assada, maionese, farofa, sopa de lentilha com bacon, feijoada, churrasco... Ah, e havia doces também: churros, pudim de leite, torta holandesa...
Carla: _Nossa! E você comeu tudo isso?
Wylza: _Sim; eu me sentia feliz com tudo aquilo.
Carla: _Você tem um buraco no lugar do estômago. Gulosa!
Wylza: _Hahaha! Bom, aí de repente, eu já não estava ali.
Carla: _Eita! E onde você estava?
Wylza: _Eu não sei ao certo. Eu estava fora da minha casa num lugar completamente desconhecido. Parecia um deserto e do nada eu comecei a vomitar.
Carla: _Eca! Que nojo! Como assim?
Wylza: _Carla, você não tem ideia de como eu fiquei. Foi assustador. O mais estranho é que ao invés de vomitar a comida que havia comido, eu vomitava palavras.
Carla: _Hahaha! Só você mesmo. E que palavras eram essas?
Wylza: _Bom, só consegui lê-las depois que o vômito cedeu. Aliás, eu quase me afoguei nelas tamanha quantidade.
Carla: _Hum! Bom, mas quais eram as palavras afinal?
Wylza: _Medo, tristeza, depressão, ansiedade, culpa, raiva, solidão, frustração... Havia milhares delas e algumas se repetiam.
Carla: _Olha, eu estou começando a entender algumas coisas.
Wylza: _Como assim? Eu nem terminei de contar o sonho.
Carla: _Nem precisa. Depois disso você acordou, não foi?
Wylza: _Como você sabe?
Carla: _Esqueceu que fiz letras? Para mim é um prazer analisar a mente humana e os símbolos.
Wylza: _Tá, mas o que isso tudo significa?
Carla: _Bom, eu entendo que, antes de começar uma nova dieta, você precisa aprender a trabalhar os seus sentimentos.
Wylza: _É, amiga, eu ando muito ansiosa.
Carla: _Você anda com tudo isso que falou. Tente perceber em você os gatilhos que ativam essa falsa fome que você tem. Sabe, busque auxílio de um psicoterapeuta.
Wylza: _Você tem razão. Esses 120 quilos não estão aqui à toa.
Carla: _Claro que não! Eu conheço um psicoterapeuta ótimo. Vou te passar o número dele.
Wylza: _Ah, ok. Obrigada!
Carla: _Não há de que. Cuide-se!