Paquita
Paquita está irradiante. Não se cansa de dar voltas e voltas em torno de si mesma. Huguinho também está irradiante, pois finalmente ele vai passear com a Paquita no parque. Dona Marlene apanha a coleira e a coloca na cadelinha poodle. Antes de ir ao parque, ela decidiu ir ao veterinário, pois vai pintar o pêlo de Paquita de cor-de-rosa. É que ela vira um poodle rosa na televisão e achou a coisa mais fofa. Não teve dúvidas, decidiu pintar a sua cadelinha também.
— Marlene, não esquece de pegar a caixa, já que vocês vão de carro!
— De carro, mãe?
— É filho. É que o veterinário aqui perto não faz o que a mamãe quer, então nós vamos em outro.
Dona Marlene apanha a caixa e coloca Paquita dentro. Põe a caixa com a cadelinha no banco de trás do carro e verifica se o cinto de segurança do seu filhinho de cinco anos está realmente firme.
Ela decide ir pela avenida central, onde o trânsito, nesse horário, flui melhor. É que uma mãe sabe quando o filho não agüenta de expectativa só porque vai passear com a poodle no parque. Coisa que sempre foi do irmão mais velho.
— Mãe! A gente não ia no parque?
— E nós vamos, filho. Lembra que a mamãe disse que queria pintar o pêlo da Paquita de rosa?
— Lembro... E você vai pintar, então?
— Vou. Nós estamos indo fazer isso agora.
— Oba!!
Dona Marlene leva algum tempo pra conseguir estacionar o carro. Apanha a caixa com a Paquita e pega o filho pela mão.
— Mãe!! Eu prefiro azul...
— Azul é pra cachorrinho, filho. A Paquita é menina, então é melhor rosa.
A atendente os recebe com um enorme sorriso amarelo na cara. Apanha os dados da Dona e o pedigree da cadelinha. Daí, apanha um pirulito e entrega na mão de Huguinho.
Dona Marlene apanha uma revista, dessas de fofocas, e começa a ler. Hugo anda de um lado para o outro com seu pirulito na boca. Olha as fotos dos cachorros, gatos e pássaros ao mesmo tempo que fica tentando imaginar como é que a Paquita ficaria de azul.
Essa surge com o rabinho abanando no colo de uma das atendentes. A mãe de Hugo paga o que deve, beija e abraça a cadelinha, que creio não ter entendido nada do que realmente estava acontecendo ali.
— Mãe! Deixa ela ir fora da caixa!
— Tudo bem... Mas, você segura ela?
— Pode deixar mãe, eu vou cuidar dela como se fosse minha própria filha.
Dona Marlene dá um gostoso sorriso e coloca os dois no banco de trás. Ela resolve novamente ir pela avenida central. Paquita olha a paisagem com sua língua de fora, enquanto Huguinho a segura por trás.
Não se sabe bem ao certo o que foi que levou a cadela a fazer o que acaba de fazer: ela pula pela janela. Hugo, em um movimento rápido, abre a porta a fim de tentar pegá-la. Um carro, na direção oposta, vem em alta velocidade. Dona Marlene dá um grito e com uma freada brusca procura ter tempo suficiente pra tentar puxar o filho de cinco anos de volta pra dentro antes que o carro importado arranque a porta do seu carro, junto com Hugo...
O fim dessa história... Não sei... Não consegui olhar...