A sereia do céu

Um ruido infernal, uma explosao.... gritos, choros, lamentos e oraçoes...

Tudo pelos ares, as malas, as roupas, a camisa que comprou para usar no natal, os presentes para a família, lembranças que ficariam entre sorrisos e abraços, lembranças que ficariam numa fotografia. Oh! o cao de estimaçao... quem o resgataria do hotelzinho? consultas marcadas nunca chegariam no dia, os livros nunca lidos continuariam na estante, a lâmpada da sala por trocar, resultados de exames e preocupaçao com a prótese do dente, nada mais importava, até as coisas sem importancia.

A vida havia parado no seu tempo.

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Ele andava pelo meio da mata, bem devagar ... raspando as pontas dos dedos nas folhas do caminho, estava só.

Das árvores altas fez o seu céu, entre pequenos acumulos azuis e outros de algodoes brancos, confirmando que... estava só.

Observou um lago, cheio de flores cor de rosa, amarelas e brancas, havia uma grande pedra arredondada, quase na borda, caminhou rapidamente, para observar a agua um pouco escura, donde refletia as nuvens do céu.

Um movimento? sim, algo no lago próximo a pedra...chegou mais perto, viu alguma coisa na água gelatinosa, nao, nao viu nada...

Cansado de andar deitou na relva serrando os olhos.

Nao dormiu, apenas repousou por um momento.

Alguem tocou em seu braço, abriu os olhos e entre as nuvens ...ela, estava lá, de uma suavidade e pureza incrível, tao doce e bonita... assim como um milagre de Deus.

Sorriu um sorriso infantil, poderia ser um de seus filhos ou até ele própio.

Sim, onde estava esse seu sorriso que nunca mais havia visto? seus sonhos de criança, seu cavalinho azul, o trenzinho...lembrou-se até do chapeuzinho amarelo que o aquecia no inverno.

Mamae, das musicas de ninar e das estorias que contava para ele dormir.

Lembrou-se das estórias que inventava para seus filhos.

Do largo sorriso de sua mulher, que sempre o fez sorrir.

Do seu pai, que conhecia apenas por um quadro na sala, como se lembrou disso? ele perguntou pelo pensamento a estranha criatura.

Ela respondeu sorrindo... Siga em frente, siga um novo caminho... ficou tudo para tras.

Ele se desligou e subiu, assim como um fluído vital.

Terminou... Apagou a luz da sua vida.

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 26/10/2018
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