Um Final Comum...

Esta é uma curtinha que conta uma história de amor que nunca aconteceu, que um dia aquele nosso camarada gostaria de ter escrito e no meio do bate-papo perdeu o desejo, por que percebeu que infelizmente, às vezes, não vale a pena...

Imaginem a cena, no ponto de vista de uma pessoa, vindo em uma velocidade cadenciada para que apreciemos cada detalhe que nos é mostrado daquela cidade de céu acinzentado e clima gélido como um sonho de terror. Poucas luzes estão acesas àquela hora e o movimento dos carros é lento lá embaixo nas ruas entrelaçadas. Ouvia Die Antwoord para poder desopilar todas as loucuras e não se matar pelo tédio encruado. Porém a magia acontece quando menos se espera e um raiar de sol deixa todo o cenário com aquele tom amarelado que deixa todas as outras cores puras e com um brilho tão lindo que hipnotiza os caras da fotografia. O local onde ela se encontrava possuía um pé direito alto, deixando o teto longe e rabiscado de vergalhões vermelhos trançando a visão. Ela estava parada olhando para a única janela do local. Era enorme, quase ocupava toda a parede dando uma falsa sensação de ventania. Não havia uma brisa sequer. E o perfume era muito suave quando ela mexia nos cabelos. Levantou a cabeça e seus olhos se encontraram. Usava um vestido branco e liso, quase como uma fada, só não tinha as asas. Uma tiara de flores coloridas e pequenas rodeavam sua cabeça e ela retirou uma e ficou brincando com o caule.

Dizem que o gelo melhora, não a tristeza, mas as olheiras... (Por uma amiga maravilhosa e inspiradora) Ele estava diante do espelho e sentia uma dor aguda no peito. Sabia que não havia mais volta e aquela sensação horrível de pensar que não mais conviveria com àquela mulher, lhe deixava tomado de uma sombra amarga. Ele segurava a xícara pelo corpo, sentindo o calor do líquido esquentar seus dedos. A ideia era tentar dispersar o frio, tentar abrir o sol naquele cinza amplo que cobria tudo o que se via até o horizonte. Mais uma das limitações humanas. O reflexo dele estava espelhado no vidro e ele podia-se ver e não tinha tanta certeza do que era. Não se reconhecia, se achou velho, lerdo. Quando foi que isso aconteceu, pensou, e deu mais um gole no café.

Trocaram tão poucas palavras em suas existências que nem sabia se dava para nomea-los como "amigos". Lembrou-se de praticamente todas as passagens em que estiveram juntos, por que eram poucas, e nem eram tão intensas assim. Não acontecia algo emocionante que dava para contar feliz. O curioso era a sensação que ela lhe trazia. Sabe quando você está quente, com o corpo inteiro quente, e dá um mergulho num mar de águas limpas e geladas, pois então, era mais ou menos isso. Não sentir um por que o outro está tão intenso que não chega, demora milésimos de segundos para o cérebro entender aquela sensação e te mandar os impulsos certos e passamos a sentir um frescor frio que acerta em cheio os ossos. E quando emerge da água é uma alegria sem fim, um sorriso imenso e aquele arfar colérico buscando forças no ar para estabilizar o corpo. Pensou nela mais uma vez, ela também amava o mar. Incrível a quantidade de coisas em comum, e o mais estranho é que mesmo assim, havia alguma coisa que não encaixava naquele quebra cabeça. Não que faltasse peças, muito pelo contrário, estavam completos. O lance é que as duas imagens não se somavam, o lado direito de um não combinava com o esquerdo do outro. Nem por cima, nem por baixo, àquela frase pode ser um tanto boba, mas é muito verdadeira, e significa, quando um não quer fazer alguma coisa, ou não escolheu o mesmo que você, ou mesmo, você, não há o que fazer a não ser seguir em frente, e lembre-se, esse romance nunca aconteceu!