A chuva, o poeta e o obstetra.

Tomaste à tarde uma decaída sexta-feira.

Tudo indicava uma sexta de sol fervido e radiante,

mas chovia. A previsão do tempo foi errônea,

os que iriam passar o dia na praia não foram!

Os sorveteiros que iriam passar o dia vendendo sorvetes; não venderam!

O tempo parecia incerto, e isso era certo em Iracema, cidade pequena, localizada no interior do interior de Santos. O nome Santos, não é referente aos santos religiosos e Iracema tão pouco se refere a Iracema de José de Alencar.

Um coisa é certa-Beneditto deveria tá na igreja essas horas- Louvando um cântico, mas escolheu dormir

e sonhar com os anjos, no entanto, é o diabo que vai puxar seus pés para seu desencanto!

(Se ele existir, claro!)

A chuva não passaria e todos da cidadezinha iriam dormir ao som do sereno que lentamente caía.

Todos, menos Pacheco, ladrão pouco procurado, mas que vivia armado. No São João passado se declarou para Josefina, resultado: coração despedaçado.

Agora vive amargurado e procura no sofrimento

uma forma de ser valente, nem que seja assaltando velhas inocentes.

Uma forte trovejada acordou Josefina,

que na cama rolou procurando seu amado,

Firmino, contudo sua esposa chamava-o de mino. Pois bem, seu instinto de mulher desconfiada,

suspeitou que Mino estava traindo-a com a empregada, que vivia no quarto de hóspedes no último corredor de seu ilustre castelo

(conhecido também como casa).

Como o instinto feminino não falha, Josefina estava certa! Ao brechar por uma janela,

viu o mino aos gozos com Valentina, empregada e filha da amiga, da amiga de Josefina.

-Que mil raios acertem Firmino!

Esperneou em alto e bom tom a mulher traída,

que cuspia fogo pelas ventas!

Para sua ilustre surpresa, a chuva que estava atenta, lhe concedeu o pedido. Mil raios caíram na casa de Josefina, atingindo o pobre Mino, que estava a beira de um orgasmo fatal.

Como bônus, Valentina morreu no inesperado incidente.

-Trágico!-disse o louco poeta que na rua contava as gotas da chuva que caíam no telhado de um querido e amado obstetra. Obstetra que tinha sua alcunha gravada na pele de sua mulher. Nome esse que seu pai e sua mãe lhe deu como admiração cristã e religiosa. A vossa graça então era “Moisés”. Não era o mesmo que abriu o mar vermelho, mas era o mesmo que assistiu o nascimento do poeta. Também era o mesmo que viu a mãe do poeta morrer após seu parto.

O poeta, que não conheceu a mãe, carrega consigo o peso de ter nascido em um lugar tão desprovido de beleza. A morte na sua vida é constante, mais constante que a comida, essa tal comida que falta em sua mesa quase todos os dias e para matar sua fome escreve. Escreve quando faz chuva e quando faz sol, quando lhe dá vontade e quando lhe falta vontade, porém, hoje foi diferente!

Percebendo sua solidão, o querido obstetra, qual tem um nome de apóstolo de Deus, chamou para almoçar em sua casa o poeta, que hoje não é poeta, mas sim Alfredo, jovem órfão que mata sua fome escrevendo e que hoje faltará versos para descrever suas gratidão.

Yushimura
Enviado por Yushimura em 10/01/2025
Reeditado em 10/01/2025
Código do texto: T8238466
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.