Os Segredos da Rua Baker 3: 15 - Um passeio no parque

-O que quer dizer com: ela está presa? – Perguntou Sean desfazendo seu sorriso.

-Irene trocou esses arquivos por alguma coisa. Se a conheço bem, por ela mesma.

-Ela não faria isso. Eu não sou tão importante assim. Talvez, a Irene os tenha roubado.

-Sean, se esses arquivos tivessem sido roubados, ela não estregaria aqui e principalmente na rua. Irene marcaria um encontro em algum lugar ou apenas avisaria já tê-los destruído.

-Isso me desanima um pouco. Eu não quero trazer mais problemas para sua irmã.

-Irene sempre achou infiltração a melhor forma de conseguir provas contra alguém, além de considerar a forma mais divertida de destruir um inimigo. Ela ficará bem. Vamos, nós estamos atrasados.

Diana se dirigiu ao carro para irem à universidade parecendo não se importar com o destino da irmã, mas Sean não estava convencido dessa mudança tão drástica de atitude. Ela podia conhecer a Irene, mas ele a conhecia e sabia do tamanho da sua preocupação.

De volta a 221B, Irene enchia uma mochila com roupas, enquanto John continuava inquieto a respeito dessa decisão. Para ele, Irene ir morar com o tio era a ideia mais idiota que ela já teve.

-Oh, cale a boca John. Eu sei o que estou fazendo.

-Assim espero. – Disse uma voz vinda da porta do quarto.

Irene se virou para o inspetor.

-Você chamou o meu pai?

-Preciso de ajuda para tirar essa ideia ridícula da sua cabeça! – Irene continuava a olha-lo com raiva. – A Diana não me atendeu.

-As provas contra o Sean? – Perguntou Sherlock.

-Já estão com o próprio.

-Em troca você irá se mudar... Não fará isso. Passará a seguir o plano original.

-Não. Já dei minha palavra. E tenho meu próprio plano.

Irene foi para a sala, mas antes de pegar a jaqueta, ela foi parada por Sherlock que segurava seu braço.

-Não seja tão idiota, Irene, você se colocará em um perigo alto demais.

-Eu concordo. – John decidiu participar da conversa. – Sigerson terá oportunidade de te machucar e até te matar se assim quiser.

-O perigo não seria esse, inspetor Smith. – Começou Sherlock soltando o braço da filha. – Sigerson é um louco sádico, mas não faria mal fisicamente a Irene ou até mesmo psicologicamente se tiver a certeza dela estar verdadeiramente ao seu lado.

-Errado. – Ele formou uma expressão interrogativa em seu rosto. Irene pegou a mão dele e direcionou a sua nuca. Sherlock sentiu uma protuberância irregular. – Certo dia, Sigerson me entregou um bisturi. O que ele usava para apontar os lápis dos quais usava para desenhar e exigiu que eu me cortasse. Isso junto com um bando de pílulas dadas a mim por ele foi o que me fez esfaquear minha irmã na barriga. Nunca houve uma voz que vinha a noite. Eu apenas não queria e nem podia entrega-lo. -Sherock faz um carinho na cabeça dela como se aquele gesto fosse fazer a cicatriz desaparecer. – Percebe agora? Sou eu quem o conhece de verdade.

-Ainda não posso permitir isso.

-Eu não estou pedindo por sua permissão, apenas quero que entenda. Sher... Pa... Tenho todas as minhas memórias de volta. Ele fez comigo muito mais do que podem imaginar.

-O que ele fez? – Perguntou John.

-Preciso ir.

Irene colocou a jaqueta, mas Sherlock segurava a mochila.

-Pelo menos tem algum plano de segurança dessa vez?

-Quem pensa que sou, Sherlock? Pare de me tratar como uma garota estúpida!

-Então pare de agir como uma.

Irene se virou para o John.

-Você pensa assim também?

-O fato é que você é viciada e está indo para onde sua droga fica.

Sherlock franze o cenho ao vê-la segurar as mãos do inspetor.

-Consigo entender, porém, agora, eu tenho uma válvula de escape: você!

-Eu?

Irene aperta uma pequena ferida na palma da mão e logo em seguida o celular do John vibra dando a localização dela.

-Se isso acontecer em algum momento, apenas corra até lá. No entanto vá preparado, pois poderá me encontrar ferida, inconsciente ou mesmo morta.

A conversa foi interrompida por uma leve risada. Susan estava parada segurando a mãozinha da pequena Alicia. Ela falou ter recebido um bilhete da Irene marcando aquele encontro na 221B. A mulher parecia muito preocupada e ansiosa para saber o motivo da reunião.

-Bilhete? – Disse Irene com desdém. Ela o embolou e jogou no bolso da jaqueta. – Não ensinei nada a você? – Falou olhando para a menina.

-Eu tentei, tia Irene, mas mamãe não me ouviu.

-Devia ter dado ouvidos a sua filha. E eu não sou sua tia.

-Você é a especialista e ela é uma criança. Como eu poderia ignorar o seu pedido por causa das palavras dela?

-Bem, Shelorck, você conseguiu, pelo menos por enquanto, o que tanto queria. Que tal uma tarde de meninas, Alicia?

A criança vibrou muito, mas Susan não tinha certeza. Houve uma discussão sobre quem levaria Susan para casa. No fim, John iria ao passeio com a sobrinha e a Irene, enquanto Sherlock levava a cunhada do inspetor em segurança.

-Não precisa segurar na minha mão.

-Eu tenho pernas curtas. Posso me desequilibrar e cair da escada. Você fez uma promessa ao meu pai...

-Tudo bem.

-Tão nova e já sabe lidar com você.

-Cala a boa, John.

Uma vez no parque, Irene e John sentam-se em um banco enquanto a Alicia vai brincar com outras crianças. Ele pergunta a Irene como ela pôde ter sugerido irem a um bar. Ela dá de ombros sem entender o motivo da raiva dele.

-Eu tinha treze quando fui a um bar pela primeira vez.

-Como isso pode ser possível?

-Mycroft não deixava mais bebidas em casa e eu queria beber algo. – Diante da cara perplexa do inspetor, ela continuou. –Descobri alguns podres do dono do pub.

Antes de o John dizer algo, a sua sobrinha se aproximou pedindo um dinheiro para comprar algodão doce. Com a guloseima na mão a menina retornou para fazer uma pergunta considerada importante para ela.

-Tia Irene, eu vinha me perguntando: você gosta de mim?

-Não.

John a olhou com reprovação.

-Não se preocupe tio, eu sei que ela está só brincando. – Alicia se aproximou para falar no ouvido dele. – Vocês deviam casar para ela ser minha tia de verdade.

A garotinha retornou saltitante as suas brincadeiras.

-Eu não estava brincando. – Gritou Irene pouco antes de mostrar um sorriso.

-Não está com medo, Irene? Você disse que o Sigerson fez mais com você do que podemos imaginar. Como pode não temer voltar para aquele lugar?

-Eu ainda sou humana, John. – Ela o olhou e depois começou a encarar umas árvores do outro lado do parquinho. – Eu estou aterrorizada. Exatamente por todo meu conhecimento a respeito do Sigerson. Sei do que ele é capaz... E isso inclui a relação dele comigo.

-Nós podemos encontrar outro jeito.

-Não. Eu preciso colocar um fim nisso tudo e estando lá dentro terei como encontrar algo contra ele... Você realmente acha que estou sendo estúpida?

-O que isso importa? Sou apenas mais um em sua vida. Você não dá a mínima para o que eu penso.

Irene o fitou atônita.

-John...

-Eu preciso ir ao banheiro. – Alicia falou parecendo apressada.

-Tem um monte de árvores ali; vá a uma.

-Irene quantas vezes... ? Você sabe a diferença entre um cachorrinho e uma criança?

-Na verdade não.

Ele a fez levar a sobrinha em um café na frente do parquinho. Ao retornarem, Irene vê uma loira sentada conversando com o John. Perguntando para a Alicia a respeito, a menina disse se tratar da tia de uma das garotas que brincou junto dela.

Porém a pupila da consultora investigativa não acreditou nas palavras da coleguinha. Alicia garantiu que a menina se contradisse chamando a mulher de mãe em vários momentos.

Irene franziu o cenho tendo achado muito estranho ela ter se aproximado do inspetor logo após seu afastamento.

-Meu tio gosta de você. Por que não namoram?

-Como tem certeza?

-Isso é um teste?

-Olhe pra mim, Alicia, é um sempre um teste.

-Ele sempre encontra motivos para ficar perto, para te tocar, fica mais alegre mesmo quando parece zangado... Pensando bem você é a única a deixa-lo zangado. E a bolinha do olho dele fica maior.

Irene quase gargalhou do último comentário. John se aproximou com um sorriso estranho no rosto, ele comentou ter conseguido um número de telefone. Alicia pareceu aborrecida com esse feito e comentou sobre estar cansada. John deu uma última olhada para a nova amiga que acenou enquanto guardava o celular. Irene observou a mulher por um segundo antes de acompanha-los no caminho de volta a casa da pequena.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 20/04/2018
Código do texto: T6314519
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