HISTORIAS DE OUTRO MUNDO
 
ESCLARECIMENTO

           Esta é uma obra que não pôde ser publicada. As editoras que se interessaram não aceitaram fossem 70% dos lucros destinados a Institutos beneficentes e 40% para eles. Pena... Publico aqui, algumas pois assim penso que entendi.
 
        Há muito as tenho comigo intactas. Serão lidas pelos recantistas? Serão debatidas? Disso não tenho notícias. Contestadas sei que serão e é assim que deve ser, pois raciocinamos, logo pensar é nosso direito.

      Publico-as da forma que foram escritas na época. Não me preocupei muito em retocar nada; preferi mantê-las como foram feitas primitivamente para manter a maior realidade possível. Não tenho a pretensão de ser lido por muitos. Leitura, principalmente de livros, é virtude de poucos. Mas, isto não importa. Atendo apenas a um pedido.

      A questão é o desencargo de consciência, nada mais...

INTRODUÇÃO:

           Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Todo ser humano, ou pelo menos 95% da humanidade já parou ou vai parar, ainda que num átimo de segundo, para pensar sobre estes dilemas, e, para se questionar: O que realmente é a vida, o que fazemos aqui, qual a finalidade dela e o que virá depois da morte?

            Uns acreditam que somos o produto de um maravilhoso acaso, da combinação aleatória da natureza que congregou os quatro elementos necessários à constituição de nossa existência, ou seja: carbono, hidrogênio oxigênio e nitrogênio. Seriamos, por assim dizer, os agraciados com a sorte grande por habitar a Terra que, entre bilhões de planetas existentes no Universo, foi o único que juntou tais elementos formadores da vida em todos os seus segmentos.

           Há, por outro lado, uma grande maioria que acredita cegamente que fomos criados por Deus à Sua imagem e semelhança no momento do nascimento, e, que vivemos aqui uma única existência passageira. Ao perdermos o corpo, pela morte, nossa alma que também teria sido criada no momento da concepção junto com o invólucro material é levada para a verdadeira vida; uma vida espiritual que não tem fim, e, que premiará os que foram bons e corretos com a felicidade eterna e punirá os maus com os horrores infindos da desgraça e do sofrimento infinito.

           Os primeiros se dizem materialistas, positivistas, ateus na verdade. Em nada crêem, nada esperam depois da morte. Apenas o absoluto vazio; “somos pó e ao pó voltaremos” da maneira mais simples e radical. Nascemos por obra da casualidade e a sorte é que determina se vamos ser bons ou maus, bandidos ou mocinhos, felizes ou infelizes, ricos ou pobres, pretos ou brancos, etc. Não se dão ao trabalho de pesquisar, raciocinar, atentar para outros entendimentos aplicando a lógica e a razão. Isto lhes basta para não se comprometerem com a necessidade de mudança íntima. Não conseguem, segundo eles, assimilar a idéia de um Deus, que sendo amor e justiça, permite toda gama de mazelas que vemos, diuturnamente, na terra, através dos tempos.

           Os segundos também são radicais. Mas, ao contrário daqueles têm certeza da existência de Deus que reserva o Céu para os bons e o Inferno para os maus; não há meio termo. Toda e qualquer diferença social que existe na terra é tão somente produto da vontade Dele. Se um nasce rico e outro pobre é apenas por Sua vontade; se este é doente de nascença e aquele é saudável é porque Ele quis assim, e, não há nada que possa explicar, nem discutir. Também se equivalem aos ateus, em matéria de raciocínio lógico para explicar tantas diferenças sociais, materiais e mesmo espirituais que vivenciamos no dia a dia.

           São coisas que, segundo eles, não devemos sequer tentar entender buscando explicações lógicas, pois que são mistérios de Deus. Para eles a Divindade se manifesta através dos milagres, das curas de doenças e graças obtidas através de pedidos e promessas. Deus é Luz, Amor e Justiça. Segundo eles não precisamos adentrar no estudo de Seus desígnios para procurar entendimento. Fé cega em contrapartida à fé raciocinada.

           Nenhum seguidor destas correntes, porém, consegue manter satisfatoriamente as suas próprias convicções. Sim, por que se concordamos, por exemplo, com os ateus estaremos concordando com algo realmente impossível, qual seja, crer que o nada teria criado alguma coisa. Por outro lado se tentarmos ver as coisas sob o ângulo da obra da criação por um Deus que distribui benesses ou não a seu bel-prazer, dando a uns o melhor e a outros o pior, este Deus não seria de Amor, e, muito menos de Justiça, pois que seriamos marionetes gingando no mundo entre sofrimentos diversos para Sua satisfação.

           Entender, ainda, que Ele criou um céu eterno para os bons e tenha criado um inferno, também eterno, para os maus, seria aceitar a existência de um Criador injusto e avesso ao perdão. Pensar, assim, seria colocar Deus, que é único, bom e justo em inferioridade a nós, homens falíveis, e, prenhe de mazelas, pois se nós, da forma que somos, perdoamos e damos novas oportunidades para que os maus sejam reabilitados por seus próprios esforços, por que o Criador Supremo deveria ser o contrário? A criatura, então, seria mais benevolente que o Criador? Mais justa? Evidente que a lógica e a razão não podem admitir isto.

           É por isso que se contrapondo a estas correntes filosóficas citadas aparece uma outra que, muito embora, sendo minoria no mundo, explica com lógica e bom senso o porquê de o mundo possuir tantas desigualdades sociais, tantas injustiças, tanta miséria ao lado de tanta opulência, tanto sofrimento, tanta tristeza, tanta enfermidade incurável, tanta incompreensão, e, porque é preciso aprender a suportar tantos revezes sem perder a própria segurança, a fé e a crença na Justiça Divina.

           Não cremos que o Universo infinito tenha sido obra do acaso. Ora, o acaso, outra coisa não é do que o inexistente, como já se disse. E, pensar desse modo é o mesmo que considerar que o nada possa fazer tudo. Olhar a vida por essa óptica é acreditar que somos produto da vontade daquilo que não existe, mas comanda todo o Universo.

           Então, basta atentar para a natureza, levantar os olhos para o universo e ver que tudo isto teve um Criador inteligente.

           Por outro lado também não se pode crer que Deus tenha criado um inferno eterno para condenar sua criação, sem lhes dar qualquer chance de corrigir os erros, aprender e progredir se até nós, como dissemos, fazemos isto.

           Não se vive em nenhuma parte do planeta sem obediência às leis criadas por um poder humano, e, às quais, devemos seguir, sob pena de sofrermos as conseqüências. Se agirmos contra ela não será o legislador que a criou que nos penalizará, que nos cobrará a reparação devida para que nos reintegremos à sociedade, mas sim à lei que existe e assim determina.

           Desta forma é uma Lei Maior, não feita por acaso, mas criada por Deus, que rege o Universo infinito, e, tudo o que enfrentamos enquanto neste ou em qualquer outro plano estivermos; sempre existiu, é imutável, é justa, é compassiva, não condena as criaturas às penas eternas de um Inferno de dores, e, nem conduz a um Céu de maravilhas sem o justo merecimento. Propicia a todos, através de esforços próprios, os mesmos meios para que alcancemos nosso destino que é a Perfeição, a Luz, a Sabedoria.
  
         Esta pequena obra fala disso: DA LEI DE CAUSA E EFEITO.
Fala de nossos erros e acertos, de arrependimentos, de perdão, de amor e de mil oportunidades que a Lei Maior nos dá para reparar o mal que fazemos, e, assim ir galgando de vida em vida, de experiência em experiência o direito de atingir à meta criada por Deus como sendo nosso destino final.

           Destas oportunidades, a maior delas, a mais justa, a mais bela e esperançosa é, sem qualquer dúvida, a das Vidas Sucessivas ou Reencarnação como queiram, nas quais nos são dadas chances de voltar quantas vezes necessárias forem para repararmos os erros que deixamos pelos caminhos trilhados, aprender e evoluir sempre. “Colhemos o que plantamos” diz o dito que se tornou popular. Pura verdade. Para isto temos o livre arbítrio que alcançamos através dos milênios para decidirmos o que é bom para nós e o que é ruim. Mas, questionam, alguns, ainda: Como saberemos o que corrigir dos ”ontens” já vividos se de nada nos lembramos?

           Sobre isto diz-nos Léon Denis : “A objeção mais trivial é esta: Se o homem já viveu, pergunta-se, por que não se lembra de suas existências passadas?

      Já sumariamente, indicamos a causa fisiológica deste esquecimento; esta causa é o próprio renascimento, isto é, o revestimento de um novo organismo, de um invólucro material que, sobrepondo-se ao invólucro fluídico, faz, a seu respeito, as vezes de um apagador. [...] Continuarão, é verdade, revelando seus antecedentes em suas aptidões, na facilidade de assimilação, nas qualidades e defeitos; mas todas as particularidades dos fatos, dos sucessos que constituem seu passado, reintegrado nas profundezas da consciência, ficarão veladas durante a vida terrestre. [...] O esquecimento das existências anteriores é, em princípio, dissemos, uma das conseqüências da reencarnação; entretanto, não é absoluto esse esquecimento. Em muitas pessoas o passado renova-se em forma de impressões, senão de lembranças definidas. Estas impressões às vezes, influenciam os nossos atos; são as que não vêm da educação, nem do meio, nem da hereditariedade. Nesse número podem classificar-se as simpatias e as antipatias repentinas, as intuições rápidas, as idéias inatas. Basta descermos a nós mesmo, estudamo-nos com atenção, para tornarmos a encontrar em nossos gostos, em nossas tendências, em traços de nosso caráter, numerosos vestígios desse passado”.
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          Somos hoje o que fomos ontem, e, seremos amanhã o que formos hoje. A reencarnação nos permite reparar enganos cometidos, aprender e progredir sempre a cada vida que vivemos. Ninguém pagará por nossos desacertos nas escolhas de nossos atos; ninguém resgatará as faltas cometidas contra nós mesmos ou contra terceiros senão nós próprios, por vontade nossa, por justiça e cumprimento da Lei Maior. Sabemos disto, por intuição, sempre; basta atentarmos para nossas inclinações, nossos desejos, nossos pensamentos, nossas tendências.

           A escolha sempre será nossa, pois, no fundo, sabemos o que nos convém.

           Dito isto acrescento que as narrativas, aqui, são situações vividas por almas que buscam esta perfeição através dos milênios, assim como nós. Sua finalidade penso eu, é a de alertar, através de confissões de experiências amargas, a quem porventura tiver acesso a elas. Não serão muitas...

           São verdadeiras? É ficção, tudo imaginação do autor? Teve ou tem ele este dom que pode ser maravilhoso ou não? Seria tão simples conviver com isto? Serão apenas historias com um fundo moral, fruto de estudos e de entendimentos lógicos? Os personagens dos dramas vividos compareceram materializados à frente dele? Não sei se isto importa tanto. Entretanto, sei que em qualquer situação tudo isto pode nos ser útil, de alguma forma. Até nesta questão cada um tem seu livre arbítrio para pensar, e, tirar suas próprias conclusões que serão sempre oportunas seja por descrédito ou não, as quais , serão sempre bem vindas.

Nelson Medeiros
*  O Problema do Ser do Destin o e da Dor"

Fundo: 05 MOONLIGHT SONATA (L.Van Beethoven)

 
Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 30/09/2016
Reeditado em 12/10/2016
Código do texto: T5777544
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