Descrença 2

Os dois amigos estavam transitando por uma zona comercial. Um mais entusiasmado puxando o outro:

— Calma, cara! O que tanto queres mostrar-me?

— Olha ali, ó!

— O quê, o prédio?

— Sim. Eu passei aqui alguns anos atrás e era só um terreno, agora isso aí!

— Hum! Legal!

— Não é só isso. É um prédio inteligente, climatizado, todo automático, trinta andares, um primor da engenharia civil!

— Sei!

— Pô, vai me dizer que não está surpreso?

— Com o quê?

— Ora, essa obra prima!

— É, legal, ele é bonito sim!

— Só isso?

— O que tu queres que eu diga?

— Não está vendo o que os homens são capazes? Olha que belezura!

— Estás maluco? Isso não é obra de ninguém!

— Hã!??

— Você viu quem construiu?

— Claro que não, já te disse, fazia tempo que não passava por aqui, até me espantei quando vi o bichão!

— Então não me venha com essa história de que "alguém" construiu.

— Mas eu tenho uma cópia da escritura e dos projetos aqui, ó!

— Cara isso é um papel, qualquer um podia ter escrito. Vais me dizer que acreditas em contos de fadas?

— Não é que...

— Você não viu, eu não vi, isso é prova de que ninguém construiu.

— Mas, então, como apareceu aqui?

— Simples: evolução.

— "Evolução"? Evolução de quê?

— Da pedra, do terreno...

— Mas, ...

— Olha, não é nada demais. Tu mesmo dissestes, aqui não tinha nada, daí espaço percebeu a necessidade de evoluir e tornou-se esse prédio enorme. Adequando-se ao ambiente.

— Você é louco!

— Tá, me diz então, por que alguém iria querer criar um prédio assim do nada?

— Ah, sei lá. Modernidade, alguém precisava de um prédio, a cidade talvez...

— Viu? Você é cheio de dúvidas enquanto eu tenho certezas! Esse prédio é obra da evolução.

M P Cândido
Enviado por M P Cândido em 03/03/2017
Reeditado em 19/04/2020
Código do texto: T5929185
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