Nas coxas...?

Com aquele seu corpo escultural ela chegou no momento aprazado. Recebi-a resfolgante. E não era para menos, diante da efusão com que me saltou. Inventei uma desculpazinha de ir ao banheiro só para ver se recuperava a respiração, enquanto matutava e até me beliscava para me dar certeza de que era real a sua escolha para fazer aquilo comigo. E não custara nada trazê-la ali, até aquele ponto crucial. Será que faríamos tudo sem preliminares, pus-me a indagar, enquanto me ria diante daquele cara do espelho...

De cara, mal nos adentramos meu atelier sua nudez foi quase completa, seios e anseios à mostra - e eu ainda aquela encabulada ostra... Mas nosso papo e bafo foi-se misturando num crescendo que mal ousei sussurrar-lhe:

- Mas por quê nas coxas, podes-se contar-me...?

Ao que ela, lânguida, mas decidida, de pronto rebateu:

- Sabes, querido, nisso nem pensei eu, te juro, mero capricho de meu Romeu...

E assim, rei dos trouxas, nas coxas, a tatuei eu...dispensando o beijo e as 30 moedas que me ofereceu...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 06/03/2018
Código do texto: T6272389
Classificação de conteúdo: seguro