A maldição do amor: a outra face da lógica

Sempre acreditei que todo lugar sujo tem o seu encanto natural, assim

como todo relacionamento sórdido também exibe alguma espécie de

charme, como um murmúrio, pouco encantador, mas, com o poder de

ostentar um punhado de particularidades, mesmo abstratas, simplórias e

singularizadas. Porém, às vezes, impossível ludibriar a paixão, mesmo nos

debatendo, esse demônio, um dia tem de florescer, até pela pessoa errada.

O cenário agora está aberto para conflitos vigentes de um amor que nunca

se fez e nunca termina. Começa por uma vontade insaciável de amar, no

âmbito de uma inusitada desventura, perpetrando um sentimento

incógnito. O peso do seu corpo pesando contra (sobre) o meu, tortuosa

profusão de carícias e afagos, beija eu, implorava ainda mais, enquanto a

cada segundo se excedia mais em meus ósculos. Em meio a tantos

amplexos, instaurava-se o desejo que deflagrava em nós!

E no ato final, desse doloroso teatrinho barato, um (im)perfeito jogo de

cena, protagonizado por nós, meras figuras patéticas. Também no íntimo

silêncio, como um véu que cai, ela me faz ver o céu com a candura do

tormento, porque podíamos, quantas vezes quiséssemos, sonhar com o

amanhã ainda naquela noite. Mas, tanto amor e ira, enfim não foi bastante

para evitar, ah sim o fim, era ele que nos descobriu. E terminou, na triste

sina desse amor, que enflorou mais nas garras da consternação do que nas

branduras da fortuna. E depois de um mísero único adeus, ultimou, pena

só não... Pena também da certeza de que deve existir realmente, alguma

outra coisa por traz do puro ódio e de todo sentimento de rancor e

vingança

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 10/05/2018
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