A LUZ E O PERFUME QUE ME ENEBRIARAM!

A LUZ E O PERFUME QUE ME ENEBRIARAM!

No primeiro dia de um novo ano, como de praxe sai para realizar uma pequena caminhada pelos arredores de onde resido...

No caminho conhecido caminhei por alguns metros e já estava quase chegando a uma esquina que não reputo das mais confiáveis em termos de segurança, haja vista noticias de alguns roubos ocorridos por ali, comecei sentir um agradável aroma que logo deduzi ser produzido por perfume de rosas, de odor inigualável! Segui inebriado por aquele perfume que impregnava não só meu olfato, mas que me parecia ocorrer em toda cercania de onde me encontrava!

Ao chegar à acima aludida esquina, num repente ‘senti’ a presença de um brilho que advinha de um muro que, em curva, ligava a avenida na qual eu caminhava com a rua que nela terminava... Algo me fez volver a cabeça e observar de onde provinha aquela luz que me chamou tanto a atenção!

Literalmente me arrepiei com a visão que tive... Sentada, recostada ao muro encontrava-se uma ‘aparente anciã’, que tinha ao seu lado algo enrolado em uma manta, que eu de imediato deduzi ser um bebê! Uma espécie de aura envolvia-os, sendo que ao lado do bebê ‘repousava’ uma grande rosa ‘cor de rosa’, de onde provinha o excelente aroma que eu de algum tempo sentia.

Parei por alguns instantes e pude observar toda a singeleza da visão, que não poderia e não era, fruto de minha imaginação! Não houve qualquer reação nem da senhora e nem do ‘seu bebê’ que permaneceram em ‘estado de graça’ recostados àquele encardido muro!

Segui meu caminho vagarosamente, sem olhar para trás e aos poucos, sentindo distanciar-se o aroma sentido e a luminosidade observada.

Questionativos pensamentos assolavam minha mente: “Quem seriam as criaturas que eu vi? “; “Deveria eu ter me dirigido a elas e procurado auxiliar em algo? “; “Deveria eu para lá voltar e indagar se a senhora necessitava de algo?“... Imiscuído nesses pensamentos, outro se juntou, também deixando pairar no ar uma possível resposta de minha parte: “De há muito estava sem o funcionamento do meu olfato... Como pude eu sentir tão nitidamente o perfume de rosa que exalei? “; “Será que havia ‘sarado’ do meu problema e não havia ainda percebido? “!

Num repente, volvi a direção que seguia e retornei apressadamente!

Em poucos minutos estava novamente na esquina, cenário da minha deslumbrante visão!

Abundantes e teimosas lágrimas rolaram pelas minhas faces quando notei que não mais havia a luminosidade e nem aquele inebriante aroma que há pouco havia sido agraciado por lá!

Aos pés do encardido muro, havia um lixo que aparentava estar muito fétido, e que eu, em absoluto senti o menor odor!

À revelia de parecer ou não ridículo àqueles que naquele momento caminhavam pelas faixas reservadas aos pedestres na grande avenida central, ajoelhei-me, erguei meus braços e observando de forma um tanto quanto 'enevoada', acompanhei a subida ao firmamento da luz que me presenteou e inebriou!