🗣️🔹🔷A barata de estimação

- Por Calos Henrique Musashi, em 19 de maio de 2022 .

Quando João foi convidado à casa de Odete – sua namorada, não imaginava seu gosto peculiar por animais de estimação. Ele já havia conhecido gente que criava porco, lagarto e até cobra dentro de casa, mas uma barata gigante, com mais de um palmo de tamanho, foi a primeira vez.

Foi convidado a entrar e ficou na sala de estar esperando a moça. E lá estava a barata passeando pela casa tranquilamente... Até perceber a presença de João e se aproximar. A baratona ficou ali, circulando ao redor dele e depois ficou encostando-se em na sua perna.

O rapaz discretamente se afastou um pouco, mas a barata insistiu e ficou naquela situação até Odete chegar.

– Ah! Você já conheceu nossa barata?

João dá aquele sorriso sem graça.

– Ela é grande, né?

– Ela é uma barata especial... Vive por muitos anos que as outras e nós a adoramos...

– Ela tem nome? – indagou o rapaz pra não parecer desconfortável.

– Sim, o nome dela é Docinho! Pois ela é muito carinhosa... E parece que gostou muito de você.

A mãe de Odete, vendo a situação disse:

– Deve ser o cheiro do seu perfume adocicado... Ela é atraída por estes odores.

– Que interessante! – disse simpaticamente.

O rapaz já havia discretamente se afasto de uma ponta a outra do sofá. E a danada da barata quanto mais percebia que o incomodava mais chegava perto. Mas ele não queira dar aquela primeira má impressão na casa de sua minorada, demonstrando que estava desconfortável diante daquele bicho tão querido que cismou com ele, pois o bicho não se comportava assim com os de casa.

E assim foram todas as vezes que João foi à casa de Odete. Bastava Docinho ver o rapaz que já encostava. O acompanhava e às vezes subia no sofá e era visível o desconforto do rapaz quando o bicho ficava tocando sua perna e soltando um fluido nojento que saia de sua boca – a batata gostava de pegar no pé dele, mas Odete fazia de conta que nem via.

Até que um dia João se manifestou:

– Desculpe dizer, mas a sua barata gosta muito de pegar no meu pé... E é um tanto desconfortável.

– Não tenha medo... Ela é inofensiva!

– Não sei se ela é inofensiva, mas quando você vai a cozinha ela sobe no sofá e fica passando as patinhas dela em mim e quando você volta ela para e desce. E quando vou ao banheiro, por exemplo, ela me intercepta no caminho meio que atrapalhando a passagem... – disse escolhendo as palavras.

– Então você não gosta da Docinho? – indagou Odete.

– Não tenho nada conta ela! – exclamou.

– Ah! Então você tem medo dela... Ela intimida você?

Meio chateado ele apenas diz:

– Eu não tenho medo de baratas, mas do jeito que ela entrança em minhas penas vou acabar pisando nela.

– Ah! Isso seria terrível! – disse Odete meio chateada.

– Então, querida, controle sua querida barata.

Em nossas vidas poderemos encontrar indivíduos iguais a “Docinho”; que têm a ilusão de serem intimidadoras pelo desconforto que causam com sua nojenteza e passam a afrontar, confundida a “atitude educada” de alguém com o “medo” ou o “respeito” que acreditam impingir, quando, a bem da verdade tal pessoa esteja apenas se controlando, as ignorando, para não reagir e “pisar na barata nojenta”, desagradando e ofendendo também daqueles que a protegem e a querem bem que nem a Odete.