O Homem Torto

Amin era um rapaz bonito. Seu alterego e sua disposição para o egocentrismo é que o perturbavam. Ele achava que todas as mulheres do mundo não lhe resistiriam. Um narciso moderno. Entendia de lutas, das letras, das artes do sexo, então se dizia mestre por completo.

Não aceitava ser o segundo, ou primeiro ou a morte.

Gostava de se fotografar. Nu, principalmente, ou fazendo sexo.

Um dia levou um fora. Uma mulher tinha se recusado a sair com ele.

Comprou veneno, comprou revólver, adaga e passou dias tecendo um plano. Era inadmissível levar um fora, quem ela pensava que era?

Ele, um Deus grego de mais conceituada estirpe, jamais levaria um fora. O problema era que se sentia traído. Vira a mulher com um tipo que, aos seus olhos era um mero exemplar comum do sexo masculino. Nada comparado a si mesmo.

Planejou, planejou e planejou...Noite e noites, dias e dias. Até antrax no ventilador da maldita ele depositara. Inútil. Ela tinha o corpo fechado. Estava escriturada com o capeta. A fêmea do diabo. Tudo que ele arquitetava contra a moça lhe voltava contra si. Já estava raquítico e esclerosado. Um coitado.

E se arrastando pelos cantos destilava seu veneno em meio à gosma de seu corpo seco.

Seu pau não levantava mais. Sua voz nem mais se ouvia. Seu choro, breve companhia, de quem sabe que está morto.

E assim nascia o homem torto. Um Deus que acreditou um dia ser imortal, sem perceber que era um mero louco.

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