Pequena meretriz

Aos dez anos de idade
Perante o cais da cidade
Seu ventre murcho desnudo
Seu corpo quase ninfeta
Qual fosse já moça feita
Faz ver passar apressado.

Cumprindo a triste sina
De ser mulher inda menina
Mas criança que infeliz
Desfila inconseqüente
Mais santa que serpente
A pequena meretriz.

E não demora vem um
De riso largo no rosto
Vem colher uma flor
Uma flor de carne e osso

Vem e faz uma oferta
Depois aguarda ansioso
Pela resposta da flor...
Que é quando vale uma dor
Que é quanto vale um gozo
Que é quanto vale uma flor
Uma flor de carne e osso.