Resistência em Cordel

Juntei os cacos neste chão de terra

Os estilhaços de alma que ainda resistem

Contra as armas, a pau e pedra

E em vossa terra, ainda persistem,

Essa jornada requer forças para a luta

A batalha ofuscada pela poeira das bombas

A produção de bonecos e suas metralhadoras

Tiros recebidos à pau e pedra! A sombra!

Pedra no tanque deles, roupa no tanque delas,

Nada que faça com que o sangue não se estanque

A cachaça reforça a pedra que voa como nós

Estilhaça capacetes e balas ensurdecedoras a vós!

A luta é válida,

o sangue é válido,

A senhora, pálida,

Não haverá mais obstáculo!

Os troncos, tocos, de árvores, massacres

Da resistência, e a falência de um exército...

É vosso mérito! Só vosso, o mérito!

O sangue que vem das Marias, Antônias e Elizetes,

Massa cefálica, ciclhete, cachaça, e o grito rouco

São todos loucos... loucos pelo que há de sagrado

E sagrado é a terra, que vos dá o que comer,

E por ela, exército, tanque, bala nenhuma

Fará, na plantação de gente, chover!

É do suor, do sangue, das foices e enchadas

Que vem a força de um povo resistente e que faz

Das vossas almas uma guerra fria pela paz...

Os paletós que carregam bigodes limpos

E a mente feita o diabo sem rabo, fica calado

E se amassam frente a pressão do povo,

um ovo que rompeu e se explodiu na revolta

Reviravolta do cansaço, do cangaço, mais um passo

Pra pegar a pedra, o pau, o sangue,

Olhar para os filhos e lutar em nome da sobrevivência!

Eis a ciência!

Que chova no sertão,

Que a guerra, a revolução,

É do povo sofrido, porém guerreiro

Não sucumbam a bonecos que invadem

vosso terreiro!

A cachaça! A água! O sangue! O suor!

Sem nossos Conselheiros e Guevaras,

esses bonecos criados fariam muito pior!

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 20/07/2009
Código do texto: T1709300
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