Acordaram minha saudade...
Tere Penhabe

Veio lá do meu compadre
o Garimpando Ternura
a mais doce das mensagens
com poemas d'alma pura
cantos de um coração
falando do seu rincão
no poetar da candura.

Eram de Paulo Setúbal
versos que me tocaram
despertando as saudades
para longe me levaram
fugi da minha vida
pra ir buscar guarida
nos sonhos que lá ficaram.

Muito distante daqui
na terra dos passarinhos
que não amam a maresia
não fazem aqui os seus ninhos
coleirinhas, bem-te-vis
nunca os ouvi por aqui
tampouco os canarinhos.

E se remexe no peito
tanta saudade sem fim
espero que eles também
tenham saudade de mim
e me cantem serenatas
por aquelas velhas matas
que com eles eu dividi.

Perseguindo borboletas
sem querer lhes fazer mal
apenas pra chegar perto
sendo sempre imparcial
eu só queria entender
talvez com elas aprender
o seu vôo fenomenal!

Mas ao ouvir: bem-te-vi!
Impossível não parar
nos ipês sempre floridos
doce cantor procurar
em seu olhar carinhoso
afeto tão precioso
saber experimentar.

No futuro eu os perderia
cantavam pra me avisar
já sabiam que algum dia
eu escolheria o mar
que não se pode ter tudo
do que nos oferta o mundo
mas aqui eu vim pra ficar.

Com direito à saudade
das coisas que deixei lá
não dói o meu coração
ao lembrar do milharal
são os campos de trigo
que povoam meus sentidos
de forma transcendental.

As sinfonias que ouvi
nesses campos ao vento
mesmo que viva cem anos
será sempre o advento
um carinho na memória
gravou minha trajetória
esse rico pensamento.

Também as tardes fagueiras
que dividi com amigos
por debaixo das paineiras
trocando sonhos antigos
a vida era uma promessa
sonhar era bom à beça
tudo fazia sentido.

Ah, são tantas lembranças
como bem diz nosso poeta
explodem como represa
na alma de porta aberta
mas não há nenhuma dor
saudade é tal qual o amor
só não pode ser eterna.

Santos, 29.08.2006_11:00 hs 
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