AS TRILHAS POTIGUARES
EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN
(Uma redação poetisada)


Primeira parte(excluindo:Capa,
folha de rosto, sumário...)



Trabalho efetuado em um primeiro
momento das Trilhas Potiguares
no Município de São Gonçalo do
Amarante no ano de 2001.
Professores Coordenadores:


.Prof. Dr. Oscar Federico Bauchwitz
(do Departamento de Filosofia da UFRN);

.Profa. Dra. Maria Emília Monteiro Porto
(do Departamento de História da UFRN).


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho
aos meus entes queridos,
sejam ou não sejam parentes.
Aos vivos e aos falecidos.

Dedico aos que me amam
e aos que me odeiam também.
Aos que me querem mal,
e aos que me querem bem.

Dedico às criancinhas,
pela sua límpida inocência;
Aos velhos asclerosados
também, por sua demência.

Dedico aos grandes sábios
pela sua sapiência.
Dedico também aos loucos
pela sua inconseqüência.

Só não dedico aos tolos:
aos tontos, aos imbecis,
porque tão só em lembrá-los
perco a rima e me atrapalho
como uma “boba” infeliz.


A PRIMEIRA REUNIÃO

Chegamos na hora errada.
Sem ter sido anunciado.
A Câmara estava ocupada
pelo Governo do Estado.

Maria Emília procura
comunicar-se com alguém,
pois a pessoa indicada
para o encontro não vem.

Teresa, a Secretária
da Educação, nos acolhe.
Nos tirando da agonia
que a todo o grupo tolhe.

Vemos fotos e assistimos
a “quadrilha improvisada”
de velhos; moços; meninos;
numa alegria danada.

Mas voltamos sem saber
ao certo o que se queria.
O que se iria fazer
com certeza, p’ra obter
sucesso. O PROJETO em dia.


A SEGUNDA REUNIÃO

Chegamos na hora certa.
Em cima. Na hora agá.
E aí, Maria Emília
dispôs-se logo a falar:

E falou... falou... falou...
sem parar p’ra respirar.
Só quando pigarreou,
sem ter água p’ra tomar.

Nos apresentou a todos.
Disse o que vamos fazer
junto às comunidades,

Esclarecendo os métodos
que devem prevalecer
de fato, em realidade.



ESTAMOS, OU NÃO, PREPARADOS?

Estamos ou não, preparados
para as TRILHAS POTIGUARES?
Perguntamos uns aos outros
tão só com troca de olhares.

Discute-se o que é melhor,
ou o que deveria ser
p’ra, com um trabalho bem feito,
ao Município atender.

São Gonçalo do Amarante,
o município escolhido,
ou que nos coube por sorte,

nas Trilhas tá confiante.
E espera ser atendido
por um grupo de bom porte.


O DIA FATÍDICO

A saída foi marcada
p’ras oito daquele dia,
ou oito e trinta, e nada
mudar isso deveria.

Mas só pelas dez ou mais
é que a saída ocorreu,
pois Federico... é demais!
lançar as notas, esqueceu.

Além de outras pendências,
segundo ele, atrasadas!
Oh, Deus!... Dá-me paciência
para eu curtir tal maçada!

Dos catorze componentes
que, agora, treze seria,
surgem apenas oito entes,
incluindo Oscar e Lia.

Finalmente estamos prontos
para a “bendita viagem”.
Embarcamos meio tontos,
misturados à bagagem.

Alguns vão com o Federico
que tomou a dianteira.
E a pensar me dedico,
porém só penso asneiras.

O motorista é zangado.
E mostra estar descontente
com seu trabalho – afobado,
corre, sem pensar na gente.

Passa por cima de tudo
como quem está fugindo,
e o grupo fica mudo
proteção a Deus, pedindo.

Chegamos a São Gonçalo,
finalmente. E com alegria.
Mas a casa em que ficamos,
estava sem energia.

Enfrenta-se à luz de velas,
a noite – quando começou.
Porém mais tarde, lá pelas
oito horas, a luz chegou.

Mas durante esse meio tempo
jantamos.  Pra começar,
fomos pra Poço de Pedra,
o trabalho iniciar.

A estrada, nada boa,
sem lua não dá p’ra ver
poços, pequenas lagoas,
onde vamos nos meter.

Mas, finalmente, chegamos.
E o povo que nos espera
é mais do que esperávamos.
E isso alegria gera.

Porém os poçopedrenses
que estão a nos esperar,
não sabem ao certo a que vamos,
o que vamos lhe ofertar.

Os jovens são mais abertos.
Mas os idosos, nem tanto!
bastante desconfiados,
retraem-se a um canto.

A Emília quer tirar fotos
porém só a máquina trouxe.
Esqueceu que sem as pilhas,
não funciona. Danou-se!

Sãozinha apresenta a turma,
pra Elaine passa a palavra
que apresenta os componentes
Das Trilhas à toda a casa.

Federico fala ao povo
da nossa proposição
de um trabalho em conjunto
com toda a população.

Emília dá uma amostra
do que será trabalhado
durante as duas semanas,
conforme foi acertado.

Procura mostrar o que
de melhor se poderá
aproveitar nestes dias.
Do que se irá trabalhar.

Fala sobre as Oficinas
e dos Cursos que serão
oferecidos ao público
com toda dedicação.

Do que se poderá ter
de lucro, ao se resgatar,
da melhor forma possível,
a memória do lugar.

Boa parte das pessoas
dos cursos, estão querendo
participar – numa boa!
Já querem ir-se inscrevendo.

-
Voltamos a São Gonçalo,
todos bastante cansados.
Porém, para nossa sorte,
a luz já tinha chegado.

E, enfim, a preparação.
Já que todo o material
que será utilizado
tem que estar organizado
para o trabalho, afinal.


AS REGIÕES MAIS CARENTES,
SEUS PROBLEMAS
E AS SOLUÇÕES APONTADAS



REGIÕES MAIS CARENTES

MASSARANDUBA, que perto
das pedreiras se encontra;
OLHO-D’ÁGUA-DO-CHAPÉU,
desassistida sem conta;
PASSAGEM-DA-VILA que,
dela, se faz pouca conta.

Ainda, ESTRADA-DO-FIO,
que é pobre de dar dó;
e CHÃ-DO-MORENO – que
tem situação pior,
Sem falar de GOLANDI,
no qual nada há de melhor.



OS PROBLEMAS DA COMUNIDADE

A dispersão – um agravante,
torna a carência maior
nas povoações citadas.
Pois além da carência em si
o isolamento as deixa
vazias, abandonadas.

A nada, têm direito.
Direito não lhes é dado.
Pois interesse não há
de um ou de outro lado:
por parte do Município
ou por parte do Estado.

Ou seja, dos seus políticos
que só são vistos por lá
na época de algum pleito
ao qual estão pretendendo,
pelo mesmo, serem eleitos.
E os votos vão lá buscar.



SOLUÇÕES APONTADAS
PARA OS PROBLEMAS CITADOS


As Escolas poderiam,
através de um jornal,
fazer chegar às famílias
as notícias em geral,
não tão só do Município
mas, também, da Capital.

E assim, talvez surgisse
o interesse de alguém
por conhecer outras coisas
que na região não tem,
e passasse o interesse
para os outros também.



NO QUE DIZ RESPEITO À SAÚDE

Segundo as informações,
“o Município já tem
a infra-estrutura básica
que atende muito bem
a necessidade do povo
que a procura disto, vem.”



PROBLEMAS DETECTADOS
(contradizendo o que foi afirmado).

Não existem profissionais
fixos no município:
nem médicos; nem professores;
por isso corre-se o risco
de ficar-se sempre à mercê
da “vontade” dos políticos.

E a falta de noções básicas
e de higiene nos Serviços
Públicos e na via privada
leva, sempre, o povo ao risco
de viroses e de doenças,
e da praga de mosquitos.

Psiquiatria não existe.
E nenhuma informação
sobre drogas, gravidez
precoce e prostituição;
violência rural, urbana,
do Direito, a violação.



SOLUÇÕES APONTADAS

A limpeza é o principal:
Seja do próprio alimento,
ou seja, em si, do local
onde se armazena o mesmo.
E a higiene pessoal
é de extrema importância
para se evitar o mal.

E a conscientização
de grupos jovens que devem,
junto à população,
trabalhar bem, no sentido
de ver sempre garantido,
da saúde, a proteção.

E com respeito as drogas
e a prostituição
precoce, a própria Escola
pode dar informação.
Como, também, do direito
que tem todo o cidadão.


MEIO AMBIENTE


PROBLEMAS COM O MEIO-AMBIENTE

O lixo acumulado
ou jogado em qualquer lugar,
sem que se importem com a forma
de ao mesmo se coletar,
deixando que, ao relento,
vá a todos contaminar.

É o descuido ambiental
que vê-se em todo lugar:
Seja no espaço urbano
ou na Mata Atlântica, pois lá
também há – e de forma tal,
que não dá pra acreditar.



SOLUÇÕES APONTADAS

E as formas apontadas
pra que houvesse solução
É o reflorestamento
e a urbanização.

Outra, seriam usinas
de reciclagem e seleção
de lixo – que deveriam,
em conjunto com os Serviços
Urbanos, entrar em ação.



OS PROBLEMAS EXISTENTES
COM A ECONOMIA ARTESANAL
E AS TRADIÇÕES CULTURAIS,
E AS SOLUÇÕES APONTADAS


Existe no Município
tradição artesanal
que tem, pela Prefeitura,
 incentivo “oficial”
dado à COOPERATIVA
dos Artesãos em geral.

Santo ANTÔNIO DO POTENGI
é a principal região
de cerâmica e bruxas de pano;
e em OITIZEIRO, sem engano,
fibras de coco e cipós,
trançando e fazendo nós.
Esses artistas dali
fazem artes com as mãos.

JACARÉ-MIRIM, com cipós,
tem belos trabalhos feitos.
SERRINHA trabalha pedras.
Cada qual tem o seu jeito.

BELA VISTA e JENIPAPO,
tal como POÇO DE PEDRA,
Fazem um trabalho perfeito
com a fibra do sisal.
E em GOLANDI é a rede
artesã que, no geral,
faz um trabalho bem feito.

E o subaproveitamento
De conchas de ostras, que
Transformam-se em belas peças
em mãos que sabem fazer
Mas que estão, no momento,
Carecendo do incentivo
Que PAJUÇARA não vê.



TRADIÇÕES CULTURAIS

Em uma sociedade
De tradições culturais
enraizadas e fortes,
Suas tradições folclóricas
Não carecem nenhum corte
E não podem ficar p’ra trás.
Lembramos, assim, um pouco
Das “Tradições Culturais”:

“O SONGA TAMBÉM DÁ COCO”
e alguns outros grupos mais,
como: O “BAMBELÔ DA ALEGRIA”
E o “GRUPO BOI PINTADINHO”
Que o CONGO e o PASTORIL
Aos nossos dias trás.



.PROBLEMAS

Falta de divulgação
Da produção cultural
É o principal problema
Que os artistas, em geral,
Enfrentam. E assim, fragmentam-
se As tradições, como tal.



.SOLUÇÕES APONTADAS

Trabalhar com os professores,
De preferência os de Arte,
Pode ser interessante
No sentido de passar-se
A cultura ao Município:
A dança, o teatro, o folclore
E outros, sempre adiante.

E estimular os talentos
Nas Escolas, para que
Os alunos se interessem
E passem a perceber
De forma mais consciente
O que desejam – o que sentem
E são capazes de fazer.


.........
(Aguardem a continuação)

Rosa Ramos Regis da Silva
Natal/RN - 2003
Rosa Regis
Enviado por Rosa Regis em 07/10/2006
Reeditado em 17/08/2019
Código do texto: T258177
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.