Pescaria

Entre arbustos agachado

eu olhava distraído,

um olhar meio perdido

meio no céu, meio no mar.

Chapéu de palha,

matinho na boca,

ao lado uma cestinha ôca

e uma vara de pescar.

Peguei a isca

e enfiei no anzol,

pra me proteger do sol

passei protetor solar.

Lancei a vara

só com isca de minhoca,

se o peixinho sair da loca

vai virar o meu jantar.

E o tempo passa,

nada de sentir fisgada,

maresia desgraçada

dava até pra cochilar.

E minhas vermes

na barriga revirando,

elas estão me avisando

que é hora de rangar.

E de repente

eis que algo aconteceu,

mainha isca alguém mordeu

e vou até me levantar.

O bicho é forte,

forte que nem tubarão,

estou pescando um peixão,

tem sushi para jantar.

Está pesado,

mas a linha é reforçada,

vou sair desta pescada

sem problema alimentar.

Olhei pro lado

procurando um amigo,

pois sozinho feito umbigo

eu não ia triunfar.

Com muito esforço

consegui tirar da água,

e fiquei com maior mágua

quando pude observar

que o peixe que pesquei

não era nem sardinha,

nem atum e nem tainha,

nem mesmo bejupirá.

Chegar em casa

com a cara toda torta,

pois somente uma bota

foi o que pude pescar.

Mas no caminho,

paradinha no mercado,

um peixinho congelado

não, um fresco pra enganar.

Todo prosa

e com sorriso no rosto,

entreguei com todo gosto

pra neguinha preparar.

- Olha, seu moço,

você deixe de putaria,

que raio de pescaria

você foi participar?

Ela me disse

segurando aquele peixe:

- Você por favor me dixe

e não tente me enganar,

por que eu

em tanto tempo de cozinha,

desde bem pequenininha

nunca vi sair do mar

um peixe doce

com a marca do mercado

carimbada bem no rabo

"Peixaria do Ohmar".

Marcão Bahea
Enviado por Marcão Bahea em 16/11/2010
Reeditado em 20/10/2016
Código do texto: T2619583
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