Lembranças do véio Alcino

Eu nasci de um amor

temperado com desejo.

O meu pai, um lavrador.

Mãe pescava caranguejo.

O meu berço foi humilde,

mas cercado de carinho,

se ficava agitadinho

vinha bisavó Matilde.

Tomei leite até de cabra

e fiquei forte e crescido

bem pesado e desmedido

quase como “abracadabra”.

Aprendi não ter fartura,

mas também não passei fome,

pois meu pai foi sempre home,

não deixou fartar gordura

e panela de água pura

lá em casa não se come.

Os meus pés sempre descalços

me ensinaram a lição,

hoje trago os pés no chão

e não me derribam os falsos,

pois sei enxergar os laços

e fugir da traição.

Só não aprendi a ver

a armadilha mais perigosa

que a moça mais jeitosa

trouxe sem eu perceber.

Inebriado por seus encantos,

ela me laçou de jeito,

fez meu sonho mais perfeito

pedido a todos os santos

Como se fosse direito

se tornou realidade,

só me deu felicidade

tanto na lida como no leito.

Hoje o doutor

olha a estrada percorrida

e no tom de despedida

tudo lembra com amor.

Do exemplo do pai,

da dor do sertão,

dos calos na mão

da chuva que não cai,

da vida sofrida,

de Deus, dos amigos,

dos sonhos perdidos,

lembrança antiga,

canções e estória

que traz a saudade

de uma divindade

que trago “in memória”.

Os contos de fadas...

meu Deus que lembrança

de uma criança

que a mãe dedicada

por vezes contou.

E hoje meus filhos,

que são os meus lírios

enxugam a lágrima

que hoje rolou.

Marcão Bahea
Enviado por Marcão Bahea em 26/11/2010
Reeditado em 11/12/2010
Código do texto: T2637203
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