A PERERECA SALVADORA

Troquei minha bela casa

Numa chacrinha jeitosa,

Casa boa com piscina

E uma varanda gostosa,

Um punhado de galinha,

Um ranchinho com cozinha

E uma rede preguiçosa.

Mudamos na sexta-feira

Numa louca correria,

Os adultos já cansados

As crianças na folia,

À tardinha escureceu,

Num instante era um breu

Que a chacrinha escondia.

Minha senhora quis dar

Pras crianças de comer,

Foi pilotar o fogão

Assustou; disse: - vem ver!

Que bicho é aquele? Eca!

Era uma perereca

Dei um bote pra valer.

Co’a bichinha bem segura

Esperneando na mão,

Saí para jogar longe

Dei de cara c’um ladrão,

Aliás, três delinqüentes

Armados até os dentes

Mandando deitar no chão.

Obedecemos de pronto,

Quase sujei a cueca.

Naquela hora eu pensei:

Agora levou a breca!

Os caras ameaçando,

A criançada chorando

E eu ali co’a perereca.

Todo mundo pro banheiro!

Vamos, vamos, nem um pio!

Dissera aquele ladrão

Nos apontando um fuzil.

Pensei: a merda ta feita!

Olhando meio de espreita

E sentindo um calafrio.

Ta escondendo o que aí?

Disse o ladrão de repente,

Abre a mão, dá isso aqui!

Tremi de bater os dentes.

Fui abrindo devagar

Para ninguém se assustar

Do que vinha pela frente.

A perereca num salto

Foi parar no seu nariz,

Se assustou, deixou cair

A arma aquele infeliz,

Segurei ela comigo,

Apontei-a pro inimigo...

Imagina o que é que eu fiz.

Hoje aqui nessa prisão

Bem pequena; apertadinha,

Dói demais meu coração

Pra pagar a pena minha.

Me comparo à perereca

Que fez doer a munheca,

Que sufoco!... Coitadinha!

Kid verso
Enviado por Kid verso em 14/12/2010
Reeditado em 29/11/2011
Código do texto: T2670794
Classificação de conteúdo: seguro