TRISTE SINA

TRISTE SINA

Conto pra vocês a história

De um pobre e triste campônio

Lutou qual luta o quelônio

Numa lenta trajetória.

Viveu, cresceu, se humilhou,

Criou filhos e os amou...

triste é dizer-lhe a memória.

É triste a lide da roça

A terra é que é generosa

Mas mala é a sina enganosa

se o carma é quem a esboça

quando o homem cumprindo o aceita,

sem mágoa, resigna e peita,

talento, amando, sem fossa.

Cresceu sonhando riquezas

Nas vestes de um camponês;

Engoliu suor e pez

Nas labutas dessa empresa

São muitos os desenganos

Sete anos ficou entre “hermanos”

Foi de alegria e incertezas.

No oeste gaúcho plantou

Sua esperança de vida

Mas não a sentiu movida

Logo de lá se mudou

E viu com muito carinho

Bem perto de Carazinho

Seu coração aprovou.

Jovem, não via empecilho

Buscou logo sua amada

Mulher com rosto de fada;

Casaram, veio a família

A par de doces afagos

Encheu de lágrimas lagos

O azar foi medido em milhas.

Já velho, mudou de terra

Indo pro visinho estado

Sem ter da sorte um afago

Prossegue assim sua guerra

O fado não foi propício

Levando-lhe igual suplício.

Sua vida assim se encerra.

Nesse vai-e-vem, entra e sai

Suas forças acabaram

Levando a vida ou a levaram

Os fados, sem dizer ai.

A vivência sempre dói,

Ele a viveu como herói

E aquele herói foi meu pai.

Afonso Martini

280311

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 28/03/2011
Código do texto: T2876517
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