MULHER DE BRANCO

Quis que fosse um flagrante

Não marquei hora nem dia

Cheguei meio de surpresa

Em surdina, todavia

Pra pegar ela no pulo

Quiçá com um cabra chulo

Desmascarar a vadia.

Andava desconfiado

Escutei um zum-zum-zum

Que ela andava me traindo

E com muito mais de um

Ferido no meu orgulho

Entrei sem fazer barulho

Disposto a matar algum.

Uma gemedeira vinha

Me incomodando demais

Parecia vir do quarto

Aqueles ruídos de ais

Apurei minha acuidade

O boato era verdade

Era hoje ou nunca mais.

Avancei com arma em punho

Daria então fim nos dois

Teria que ser agora

Não podia ser depois

Abri a porta num tranco

Vi minha mulher de branco

Cuidando do enfermo Lois.

Ela olhou-me apavorada

Minha cara foi pro chão

Sempre fora enfermeira

Quis saber qual a razão

Disse ser o meu teatro

E fiquei ali de quatro

Beijando então sua mão.

Kid verso
Enviado por Kid verso em 16/07/2011
Reeditado em 09/12/2013
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