Monteiro Lobato em cordel: A Reforma da Natureza / PARTE I

Quando a guerra acabou

Uniram-se em assembléia

Para discutir a paz

Muitos lobos na alcatéia

Sendo cada um por si

Que se dane a classe plebéia

Era assim que pensavam

Muitos reis e ditadores

Havia muitas sardinhas

E pouca brasa Senhores

Cada um puxa para si

E o povo sofre horrores

Na Romênia havia um Rei

Que se chamava Carol

Vamos buscar a paz

Ou não teremos farol

Acender nossas idéias

Que reluzem como o sol

Fizeram uma conferência

Para discutir com a humanidade

Para encontrar a paz

Com muita serenidade

A paz só é possível

Com gestos de humildade

De cada lugar do mundo

Veio um representante

Da humanidade eram gomos

Da fruta totalizante

Um pensamento comum

A todos edificante

Todos ficaram atentos

E vieram questionar

Quem são os representantes

Que podem nos ajudar

É preciso muito tato

Para a paz não desandar

Após muitas conversas

Num bate papo informal

Dona Benta e Nastácia

Tiveram indicação real

Por serem competentes

Terem gestão triunfal

Mussoline surpreso

Perguntou desconfiado

Quem seriam as pessoas

Que o Rei tinha indicado?

Elas administram o Sítio

Um lugar abençoado

O que elas governam

Para vocês eu revelo

Elas administram o Sítio

Do Pica-pau Amarelo

Bem perto da natureza

Convivendo com o belo

O Duque de Windsor

Ficou maravilhado

A Duquesa lhe contou

Que esse lugar é sagrado

A Dona Benta é sábia

Vai deixar um bom legado

Nastácia é sorridente

É a alegria em pessoa

Todos que a conhece

Por ela se afeiçoa

Suas mãos de fada

Tornam a comida boa

A Duquesa leu a história

Desse lugar encantador

Lá é como o paraíso

Não sentimos pavor

Não semeiam a guerra

Vivem da união e do amor

Os grandes ditadores

Que eram líderes europeus

Aprenderam os costumes

Diferentes dos seus

Recordavam a infância

Querendo ser pigmeus

A vida do Sítio tem

A Inteligência do Visconde

As crianças tão libertas

Brincando de esconde-esconde

Quando sentem fome

Comem a fruta do conde

Tem gente que discorda de tudo

Para ele tudo é isca

Tem pessoas do contra

Como o Américo Pisca- Pisca

Em tudo vê defeito

Do seu olho saí faísca

Ele acreditava que as coisas

Estavam fora do lugar

Que jabuticabeira

Deveria reversar

Com a aboboreira

Fruto grande para sustentar

Américo questionou

Por que o mundo não fui eu quem fiz?

Até que adormeceu

Sonhou com um mundo feliz

E uma jabuticaba

Acertou o seu nariz

Américo então pensou

Nossa! Escapei por um triz!

Deixe o mundo como está

Que palpite infeliz!

Eu quis mudar o mundo

Ainda bem que não o fiz!

Ao ouvir a história

Emília ficou pensativa

Também discorda de tudo

A boneca hiperativa

Porque Américo pisca tanto?

É bem interrogativa

A Emilía que é Marquesa

E é a teimosia em pessoa

Quer mudar a natureza

E o rumo da canoa

Não sabe por que Américo

Os seus olhos pisca atoa

Narizinho perguntava

Quando iria acontecer

Essa tal mudança

Que a boneca quer fazer

Pode ser a qualquer hora

Basta eu me aborrecer!

A história não acabou

Ela vai continuar

Segue em outro cordel

Para você se encantar

Vou seguindo a história

Com meus versos a rimar