A UM PEDIDO DE AMIGO NÃO SE PODE DIZER NÃO e ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO DA MINHA BIOGRAFIA (Décimas)

CORDÉIS ENVIADOS A ADEMAR MACEDO

(Poeta integrante da ACADEMIA DE TROVAS NORTERIOGRANDENSE - ATRN)

A UM PEDIDO DE AMIGO

NÃO SE PODE DIZER NÃO

A um pedido de amigo

Não se pode dizer não.

E, assim, de coração,

Com emoção eu te digo:

- Não sei mesmo se consigo

Porém vou tentar fazer

O que me pedes. Vou ver

Se minha cuca ainda bola,

Se sai algo da cachola

Para, a ti, satisfazer.

Falei com "Tico" e com "Téco",

Pedi para se unirem.

Disse: - Meninos, se virem!

Senão eu vou ter um treco

E dou-lhes um peteleco!

Rebusquem esse coco louco,

E tragam à tona um pouco

De idéias engajadas

Que formem frases rimadas,

Pois já estou ficando rouco.

Os dois não contaram estórias!

Começaram a rebuscar.

E correndo sem parar,

Reviraram-me as memórias

Que, assim, sem escapatórias,

Começam, então, a fluir,

Fazendo, pois, ressurgir

Alguns pontos esquecidos

Que haviam sido banidos.

Porém, não sem reagir.

E Téco disse p'ra Tico:

- Vam'embora, camarada!

- Vam'emfrentar a parada!

- Ou então, um siricutico

Nossa dona tem. E fico

Pensando na confusão

Que isso vai dar. Então

Os dois partiram p'ra luta.

E foi tremenda a labuta!

Saíram da inanição.

Dessa forma, a cuca minha

A funcionar, voltou.

E agora, tentar, eu vou

Engendrar uma riminha

Buscando, lá... na terrinha,

As lembranças que enobrecem

O meu ser e que aquecem

O meu pobre coração

Choramingão e babão.

Meus compatrícios merecem.

Adentro à Terra querida:

Jerimum, que me gerou,

Com filha de adotou

E fez-me enriquecida

Com a experiência tida

Em uma infância feliz

Que não careceu verniz

Pois era cheia d'um amor

Puro, onde até a dor

Detinha outro matiz.

E aí vejo Natal,

Que foi quem me acolheu,

Com amor me recebeu

De forma bem natural.

E foi onde um cara legal,

Como tu, eu encontrei

E amizade travei

Através da Internet.

E, agora, a mim compete

Mostrar o pouco que sei.

...

É. No Jerimum eu nasci.

No Estado da Paraíba.

Vai abaixo e vai arriba,

Logo de lá eu parti.

E em Natal eu me vi,

Depois de idas e vindas,

Cidade de praias lindas

Por quem me apaixonei

E com a qual me casei

E vivi cenas infindas.

...

Como complemento, mando,

Nesta minha enrolação,

A ti, Ademar, então,

Algo que estava bolando,

E, no Orkut, postando.

O que faço dia a dia.

Pois rimar traz-me alegria

E, mesmo sem saber, tento.

ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO

DA MINHA BIOGRAFIA

...

ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO

DA MINHA BIOGRAFIA

Já trabalhei de coveiro

Já vendi cachaça mole

A mim não há quem enrole

Não me meto em atoleiro

De fazenda, fui vaqueiro

E trabalhei em estrebaria

Num tal lugar Travessia,

Fui embalador de vento.

ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO

DA MINHA BIOGRAFIA!

Na vida eu já fiz de tudo!

Já trabalhei em bordel

Já vendi sarapatel,

Pastel, coxinha, canudo

Fui "cão" em noite de entrudo

Vendi cururu por gia

Jerimum, por melancia

E, por burro mulo, jumento.

ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO

DA MINHA BIOGRAFIA!

Ainda mais: sou Bacharel,

Formada em Economia

E também em Filosofia.

E tenho mais um anel:

De licenciada em cordel

Que ganhei por primazia

Dos versinhos que fazia.

É assim que à vida enfrento.

ISSO É SÓ UM COMPLEMENTO

DA MINHA BIOGRAFIA!

Rosa Regis

Natal/RN - Fevereiro de 2006