O MENSALÃO EM CORDEL
Um deputado ferido,
Em junho de dois mil e cinco
Denunciou com afinco
O escândalo mensalão...
Roberto chamou a imprensa
Convocou pr’uma entrevista,
Disse estar com uma lista
De grande corrupção.
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Falou sem eira e nem beira
Que o PT dava mesada
A uma enorme cambada
De deputados mesquinhos.
Em troca esses corruptos
Davam ao governo Lula
Como se fosse uma bula
De caos e de descaminhos.
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O próprio denunciante,
Se passava por um “santo”,
Mas logo caiu o manto,
Também era um bandido...
Forçado, reconheceu
Que açambarcou uma grana
Quatro milhões o sacana
Muito bem tinha escondido.
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A razão da podre história
Só podia ser vingança
Quem é acuado, avança,
E tem más resoluções...
Lembra o caso dos correios
Que envolveu o PTB?
Pra encobrir o PT
Espalhava acusações.
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Roberto se viu lesado
E pra esclarecer os fatos,
Mostrou o ninho de ratos
E armou esse escarcéu.
O trem foi ficando preto
Parecia tiroteio
Ninguém ficava no meio
Quando se tirava o véu.
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Só que a coisa vem de longe:
Começou desde a campanha
E culminou nesta sanha
De consequência fatal...
Lula queria Alencar
Para que fosse seu parceiro
E deu um tiro certeiro
No Partido Liberal.
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Valdemar da Costa Neto,
Presidente do PL,
Com arrepios na pele
Concordou com as armações...
Em acordo de surdina
Encontrou com um tal Delúbio,
Com quem formou um conúbio
E fecharam em dez milhões.
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Parecia tudo certo:
Lula e Zé de Alencar
Pra poder alavancar
Vitória sem precedente.
E o nosso bom torneiro
Alcançou o impoderável,
Com vitória inquestionável
Se tornou o Presidente.
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Mas quem pôs o mensalão
Eficaz e sorrateiro
Foi um empresário mineiro,
Conhecido por Valério...
Logo montou um esquema
De desvio de recursos
Para alimentar os “ursos”
Neste grande despautério.
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Os pagamentos se davam
Somente em dinheiro vivo,
E esse plano nocivo
Maculava a nação...
As malas e os envelopes
Trançavam os apartamentos,
Levando os podres proventos
Divididos mão a mão.
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A bomba foi estourando,
O primeiro foi João Cunha,
Que todo o mundo supunha
Que era honesto, altaneiro...
Depois foi Duda Mendonça
Que gostava de uma rinha,
Tremia como galinha
Quando é pega no terreiro.
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Mas o que depôs o Duda
À CPI dos correios,
Liquidou de vez os freios
Pôs o barco à naufragar...
A confirmação de Valério,
Que confessou quase tudo,
Deixou o governo mudo,
Não podia mais negar.
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Nesta falsa panaceia,
Bancos e indivíduos
Ficaram muito envolvidos
Neste poço de estrume...
Muita gente não entende
Que o bem sempre vence o mal
Por isso o iníquo ideal
Demorou, mas veio a lume.
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Por traz deste grande golpe
Com certeza houve um mentor,
Alguém do mal, do terror
Em resumo: um canalha
Dessa vez tremeu na base
Nossa Pátria mãe gentil
E o povo do meu Brasil
Quase jogou a toalha
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Diz Roberto que é o Dirceu
Que tem uma história estranha,
O autor de tamanha sanha,
Que enlameou o país...
O povo ficou apático.
Para não dizer descrentes
Diante dessas sementes
Que se alastrou como quis.
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De repente apareceu
Roberto com o olho roxo,
Abatido, bem mais frouxo,
Dizendo: foi um armário...
A lama se esparramava,
E só sei que a cada dia,
Um envolvido aparecia,
E o povo feito de otário.
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Eu pergunto, como fica,
O presidente na história
É só puxar na memória,
Que disseram os jornais...
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Disse o Roberto Jefferson
Quando deu depoimento
Que falou sobre esse intento
Ao ingênuo presidente...
Afirmou que esclareceu
Cada detalhe do drama
Alertou sobre essa trama
Desse plano inconsequente.
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Lula chorou, disse ele,
Pediu desculpa à nação,
Disse que foi traição,
Se mostrou indignado...
Mas, passaram-se alguns meses
Em um programa na mídia
Disse que tal perfídia
Nunca ocorreu no país...
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Agora é só esperar
Que o malfeito venha à tona
Começou a maratona
De CPIs, julgamentos...
A cada dia um tormento,
Só tem isto denotícia,
Mas, pra limpar a imundícia,
Vamos aguardar bons tempos.
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O povo quer ver justiça,
Pra que o Brasil tome um rumo
E chega de levar fumo
Desses homens sem moral...
Que o Nosso Senhor nos ajude
Que todos sejam punidos,
Fiquemos nós bem unidos
Prá vencermos este mal.