Momentos (VIDA VIVIDA)

Um presente me foi dado

Preparado de um modo mágico

Quando eu estava por um fio

Perdendo-me nos descaminhos

Deram-me um passaporte

Para eu rogar pela vida

Já que estava tão ferida

Uma igreja me indicaram

E mesmo não tendo propósito

O lugar era muito distante

Sei lá porque resolvi

Ver o que tinha lá para mim

Então eu num domingo de sol

De ônibus resolvi ir

Segui o itinerário que me deram

Mesmo sendo tão distante

No terceiro ônibus que peguei

Vi que ele saiu da avenida

E seguiu por uma estrada de barro

Onde as casas aos poucos diminuíam

Sempre olhando no papel

Para ver se não me perdia

Fui vendo que o que via

Era pura beleza aos meus olhos

E eu não sabia ainda

O presente que o destino

Estava a me revelar

Naquele dia de domingo

Eu me deixei levar

De repente eu nada mais via

Senão a natureza linda

Naquela estradinha vida

E o barulho que eu ouvia

Era o cantar dos pássaros

Numa melodia linda

Digna de muitas poesias

Meus olhos fascinados

Começam a se emocionar

Numa surpresa infindável

Reconhecendo o caminho

Quando tinha eu quatro aninhos

Muitas vezes por ali passei

Num trem Maria fumaça

Por ali eu trafeguei

Meus pais adiante tinham um sitio

E foi essa época da minha vida

Que eu a natureza descobri

E por ela me apaixonei

Cercada por rios tão lindos

Cachoeiras e ilhotas

Muita plantação lá tinha

Até animais selvagens

O sitio dentro da selva

Num lugar tão fascinante

Até hoje quando me lembro

Suspiro de vontade de lá

Eu nasci para viver paixões

E o meu amor mais sublime

Nasceu quando eu era botãozinho

Por esse meu campo querido

Quisera eu conseguir em palavras

Mostrar a beleza tão linda

Que nesse lugar encontrei

E da minha mente jamais tirei

Voltando ao tal caminho

Que me levava a igrejinha

E ao descobrir onde estava

Fez-me viajar ao passado

Adiante num ponto de ônibus

Olhei e a emoção foi grande

Estava diante de mim

O rio do meu passado

Até as árvores ao seu redor

Permaneciam as mesmas

Antigas e tão imensas

A cerca meu rio da infância

Emoção dentro do peito

Meus olhos já marejados

O presente fui recebendo

Por cada lugar passado

A igrejinha que eu ia

Tinha nome de Nazaré

O lugar o nome eu não sabia

Só me deram o quilometro para saltar

E quando o motorista

Avisou que eu já chegara

Uma surpresa tão querida

A igrejinha eu já conhecia

O nome do lugar então eu sabia

Estava em Santo Antônio

Numa igreja pequenina

Que eu sempre quis nela entrar

Para mim era católica

Por ter o nome de Nazaré

Eu jamais imaginei

Que era nessa igreja que eu ia

Tudo muita emoção

E quando eu soltei do ônibus

Vi que aquela estradinha

Era antes o caminho do trem

Sentia-me já tão leve

Toda a emoção que eu vivia

Tornara a viagem valiosa

Foi um presente divino

Cheguei na igrejinha

E muito bem fui recebida

Já me senti abençoada

Por todo o caminho até ali

O pastor era ainda menino

Uma pessoa muito querida

Que disse para eu esperar

Para de volta me levar

Com isso o dia passou

Naquele meio da mata

Casas quase não havia

Só eu sei quanta magia

Umas crianças passaram

E me convidaram a seguir

De carona numa carroça

Para até um rio ir

E lá fui eu na carroça

Sentindo-me enobrecida

Muito contente da vida

Pela graça recebida

Visitei uns moradores

Gente simples e encantadora

Que vida mágica aquela

Que eles ali viviam

Ouvi as suas histórias

De luta e de muita Glória

Gente pura ali estava

Pé no chão e todos irmãos

Eu seguia em deslumbre

Coração cheio de seiva

Sou amante da natureza

E redescobri porque

Eu olhava tudo a volta

Que bom meu Deus que me deste

Um momento assim tão belo

Natureza eu te venero

Nesse dia entendi

O quanto recordar é viver

Estava eu ali vivendo

Minhas lembranças queridas

Final de tarde

Ao culto fui assistir

Uns chegavam de carroças

Outros de cavalos e bicicletas

E naquele lugar

Onde quase ninguém se via

Aos poucos muitos chegavam

O povo dali se encontrava

Todos vestidos de festas

Que coisa aquela mais bela

Nunca pensei que havia

Perto de mim um mundo assim

Queria ter tirado foto

Para perpetuar no papel

Aquele momento sublime

A mostrar um outro mundo

Nessa hora veio uma claridade linda

E eu para o céu olhei

E muito encantada avistei

O céu mais lindo do mundo

As estrelas a bordá-lo

No meio delas a rainha lua

Muito lindo aquela visão

No meio da mata escura

Quando o culto terminou

Chegou à hora de ir

Meu coração com os olhos

De tudo se despedia

Momento sublime o meu

Tenho certeza que foi

Um presente vindo de Deus

A mostrar a vida para mim

Ele me conhece bem

Sabe que a natureza

É o que me faz mais bem

Por isso esse momento deu-me

Agradecida eu estou

Por isso hoje descrevi

Um pouco do que senti

Como prova de amor

Natureza eu te venero

Você é doce paixão

Eu rogo a Deus todo dia

Para lhe dar proteção

By Glórinha

A Moça das Rimas...

Glorinha Gaivota
Enviado por Glorinha Gaivota em 18/03/2007
Reeditado em 18/03/2007
Código do texto: T416670
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