Soltando o verbo

Passei uns tempos ausente,

Dei folga à minha viola,

Pensando em voltar contente

De alma revigorada

Mas pelo que a gente sente

A situação só se enrola

Trocaram de presidente

Mas no fundo não mudou nada

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Fizeram um julgamento

Do povo da ficha suja

E ao terminar o evento

Ninguém foi parar na cadeia

Justiça passou ao largo

Sem respeito à dita cuja

Cada qual com o pé-de-meia

Voltou pra assumir seu cargo

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Quiseram agradar “os gringo”

De olho grande na copa

Ninguém reclamou um pingo

Pra circo todo mudo topa

Rolou dinheiro pra obra

Estádios e coisa e tal

No fim a verba não sobra

Pra escola e pra hospital

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O pobre do cidadão

Vê-se então representado

Por um pastor-deputado

Que destila preconceito

E vejam que porcaria:

O cara acaba eleito

Presidente da comissão

Direitos humanos e minorias

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E então as chuvas de novo

Repetem o mesmo tormento

Enchente e desabamento

Levando a casa do povo

Mas tem gente cara dura

Em quem a vergonha não vasa

Tem casas do “Minha-casa”

Com problemas de estrutura

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E faz o que, meu amigo?

Quem só com versos labuta

Se concordar não consigo

Com esses filhos alheios

Mas deve estar bem a gosto

Do eleitor que escolheu

Botar esses caras no posto

Reparem só no que deu

Sérgio Serra
Enviado por Sérgio Serra em 31/03/2013
Reeditado em 03/04/2013
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