Soltando o verbo
Passei uns tempos ausente,
Dei folga à minha viola,
Pensando em voltar contente
De alma revigorada
Mas pelo que a gente sente
A situação só se enrola
Trocaram de presidente
Mas no fundo não mudou nada
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Fizeram um julgamento
Do povo da ficha suja
E ao terminar o evento
Ninguém foi parar na cadeia
Justiça passou ao largo
Sem respeito à dita cuja
Cada qual com o pé-de-meia
Voltou pra assumir seu cargo
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Quiseram agradar “os gringo”
De olho grande na copa
Ninguém reclamou um pingo
Pra circo todo mudo topa
Rolou dinheiro pra obra
Estádios e coisa e tal
No fim a verba não sobra
Pra escola e pra hospital
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O pobre do cidadão
Vê-se então representado
Por um pastor-deputado
Que destila preconceito
E vejam que porcaria:
O cara acaba eleito
Presidente da comissão
Direitos humanos e minorias
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E então as chuvas de novo
Repetem o mesmo tormento
Enchente e desabamento
Levando a casa do povo
Mas tem gente cara dura
Em quem a vergonha não vasa
Tem casas do “Minha-casa”
Com problemas de estrutura
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E faz o que, meu amigo?
Quem só com versos labuta
Se concordar não consigo
Com esses filhos alheios
Mas deve estar bem a gosto
Do eleitor que escolheu
Botar esses caras no posto
Reparem só no que deu