Ditos ditados populares

Vamos falar agora de umas tais frases

Bem curtas e diretas, os ditos populares

São poucas palavras que dizem muito

Sobre as humanas sortes e também azares

E que podem nos fazer chorar de rir

Ou pensar na vida e seus pesares.

O primeiro a dar o ar da graça

Fala de quando a coisa feia está ficando

É um sinal de alerta aos abusados

Como no trânsito o amarelo piscando

Se não prestar atenção no que faz

A sua batata, sem dúvida, está assando.

Talvez você conheça o sujeito que muito fala

Mas na hora de fazer, corre e se sacode

Ainda depois ameaça, ameaça e ameaça

E nunca ataca feito irritado bode

Basta bater o pé, pois é igual ao cachorro

Que muito late e nunca morde.

Há quem acorda tarde e reclamada vida

Depois fica amargurado, cheio de ruga

Desanda a falar impropérios a todo instante

E da felicidade empreende desesperada fuga

Esquecendo-se de que Deus em Sua onisciência

Só ajuda a quem cedo madruga.

Somos todos nesta vida agricultores

Sendo a existência campo de plena fertilidade

Onde colhemos tudo o que plantamos

Independentemente de qual seja a nossa vontade

E não adianta querer frutos de alheia plantação

Pois quem planta vento colhe tempestade.

Eita! Que tarefa difícil esta, meu Pai

Porém, para concluí-la há de haver fé

Cuidado, no entanto, com os percalços no caminho

E onde houver pedras mantenha calçado o pé

De preferência com as sandálias da humildade

Porque, no final das contas, quem avisa amigo é.

Dizem também que devagar se vai ao longe

Mas é preciso não confundir a necessária paciência

Com o perigoso e suicida conformismo

E não cair na ilusória e bela aparência

Dos que dizem que quem espera sempre alcança

Para o resultado não ser terrível demência.

Tem gente que adora uma boa briga

Saindo por aí distribuindo pontapé e bofetão

Humilhando os outros por mórbido prazer

Mostrando a cara bela e o falso coração

Esses são pobres coitados que ignoram

Que quem bate esquece, quem apanha, não.

Isso, outro provérbio do povo me faz lembrar

É lei universal que não cede a nenhum pedido

Alguns entendem como vingança e outros como a lei

Da ação e reação que nos tem perseguido

Desde os primórdios imemoriais dos tempos:

Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Se quiseres saber que realmente és

Dize-me quem são, com quem andas, os amigos

Pois quem vê cara é certo que não vê coração

E mesmo nas coisas belas há inúmeros perigos

Não há dúvida que as aparências enganam

É o que dizem desde os tempos mais antigos.

Amigos, amigos, negócios à parte

Vale para quem da amizade quer tirar proveito

Ingratidão a sentimento tão puro

De quem só vê o alheio defeito

Olhando, cego, para o próprio umbigo

Esquecendo que vamos todos para o mesmo leito.

Há também aqueles que com os outros

Se preocupam em demasia, enquanto mal

Vai a própria vida e o próprio lar

Preocupam-se em outrem retirar do lamaçal

Fazem jus ao velho e sábio ditado popular

Que diz que em casa de ferreiro, espeto de pau.

Pau que nasce torto nunca se endireita

É provérbio que se faz presente e verdadeiro

Pois há quem não aprende com os tombos

Que a vida dá em quem se mete a embusteiro

Pensando enganar quem criou a vida

Seja no templo, na igreja ou no terreiro.

Barriga cheia, goiaba tem bicho

Desse eu nunca tinha ouvido falar

Mas me parece ter muitíssimo a ver

Com quem desdenha quer comprar

E diz respeito a quem o que deseja

Não tem e vai embora querendo ficar.

Continuando a explicar os ditados populares

Esse tremendo e dificílimo desafio

Falemos agora de quem não se alimenta

Da forma correta, deixando só por um fio

A frágil saúde do corpo e também da alma:

Lembrem-se de que não para em pé o saco vazio.

Recordando o samba “malandro é malandro

E mané é mané”, nesse mundo cheio de artimanha

Tem gente que se acha o sumo da esperteza

Pensando que na vida só a esperteza é que ganha

São manes e não malandros porque o jacaré

Nada de costas em rio que tem piranha.

Não adianta reclamar da consequência

De uma ordem não cumprida, como se não soubesse

Que todo dever é intransferível e obrigatório

Pois direito sem nenhum dever é frágil messe

Nesse mundo hierárquico e meritocrático

Onde manda quem pode e quem tem juízo obedece.

Paremos por aqui a árdua labuta

Porque é infinita a popularíssima sabedoria

Não importa se chamem de provérbios ou ditados

Sendo absolutamente incapaz uma simples poesia

De abarcar todo o conhecimento humano

Seja no campo da realidade ou mera fantasia.

Cícero – 26 e 27/11/2013

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 11/12/2013
Código do texto: T4607593
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