* Ser um bom pai *

Conta-se que um homem,

Queria ser um bom pai,

Foi visitar um sábio

Que vivia numa das mais

Alta montanha da região.

Queria saber sua opinião

E por ai vai.

Sendo recebido por ele,

Foi expondo o seu problema.

- Estou aqui porque preciso

De sua orientação para meu dilema.

Não sei bem como lidar

Com meus filhos, vim lhe perguntar.

O que acha desse tema?

Se sou severo com eles,

Acusam-me de ser ditador,

Se sou atencioso, gentil,

Tomam-me por fraco, senhor.

Qual é a melhor forma de criar

Os filhos sem lhes ignorar?

E dando lhes muito amor.

O sábio ouviu-o atentamente

E limitou-se a lhe entregar

Um cinzel e um bloco de madeira,

Dizendo: - Tome vá trabalhar.

- Pega isso e leva contigo.

Quando tiveres esculpido

Uma obra de valor venha me mostrar.

E terás a resposta que procura.

O jovem pai surpreso o olhou.

Não quis ser descortês com ele

Que um pouco de tempo lhe ofertou.

E fizera uma grande gentileza

De recebê-lo com delicadeza.

Em sua casa e ainda lhe orientou.

Um tanto quanto decepcionado,

Pegou o que o sábio lhe oferecia,

Levantou-se e saiu dali.

Mais entristecido do que se percebia,

Chegou em casa cabisbaixo.

Com seu semblante lá embaixo.

Como há muito tempo não se via.

Os filhos o cercaram querendo saber

Para que serviam aqueles instrumentos.

Ele se deixou envolver

Pela alegria de seus rebentos.

E logo se viu tentando esculpir

Algo na madeira sem conseguir.

Achou que estava perdendo tempo.

Passaram-se os dias,

Quase sem ele perceber.

Conseguira concluir sua obra!

Então novamente ao sábio foi ver.

Apresentou ao sábio o resultado

De seus esforços realizados.

Mostrando a escultura com todo prazer.

Tomando a escultura nas mãos,

O sábio observou e apreciou

Cada detalhe que continha.

- Muito bem sua obra tem valor.

Disse ele dirigindo-se ao pai.

– Ao esculpir a madeira, vai,

Como eram os golpes que aplicou?

Que você dava com o cinzel?

Fortes ou fracos quer me dizer?

- No início eu dava golpes duros,

Secos, desajeitados, sem prazer.

Percebi que isso prejudicava

A madeira quando eu tentava.

Alguma escultura fazer.

Aos poucos fui adquirindo prática

E fui aprendendo a golpear

Com menos força, ao usar o cinzel,

Somente algumas lascas tirar

Aquelas que fossem necessárias.

Aprendi com a madeira primária

Conhecê-la melhor e a obra amar.

Conseguia visualizar quão bela

Seria mesmo antes de forma tomar.

Aprendi a respeitar suas limitações,

E as minhas pude repensar,

E soube que cada obra é necessária,

Um tipo de madeira primária

Com os detalhes, saber olhar.

Que é preciso paciência,

Aprendi que podem me ajudar,

Mas cabe exclusivamente a mim

A tarefa de terminar.

Aprendi a não esperar a perfeição,

Aprendi a ver com o coração

E que muitas vezes ainda vou errar.

Aprendi que meus próprios esforços

São imperfeitos, pode me julgar.

Aprendi que mesmo se houvesse

Um modelo para eu copiar.

Cada uma é única, não aceita imitação.

Aprendi esta linda lição.

Por isso vim aqui lhe falar.

A beleza já reside na madeira,

Minha função é apenas ajudar

A vir para fora.

Foi muito difícil aceitar.

Detrás de uma aparência descuidada,

Rude e até danificada,

Pode uma madeira nobre se tornar.

Pode estar precisando de reparos,

Que pode ser recuperada

Se souber trabalhar com carinho.

Aprendi para dentro dá uma olhada.

Para dentro de mim e voltar,

Não permanecer apenas lá.

Ser amigo e irmão camarada.

Aprendi que quanto mais perto

De Deus me sentir,

Mais passo para o que vou fazer.

Aprendi que muito já vivi

Que estou aqui para aprender

Mais do que para ensinar e você,

Fez-me refletir.

- Muito bem, concluiu o sábio.

– Aprendestes bem o ofício.

Aprendestes a ser pai!

E sabe ser sem sacrifício.

Parabéns pelo aprendizado

Use-o e sinta-se amado.

Jamais seja um pai omisso.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 07/07/2014
Código do texto: T4873128
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