A VIDA DE CALAZANS SABUGY

(Uma história real)

Eu vou contar a história

De um jovem nordestino

Nascido em Santa Luzia

Lá viveu quando menino

Era um garoto sabido

E conhecido no lugar

Tinha quase vinte irmãos

Com quem vivia a brincar

Tomava banho de açude

E corria na capoeira

Deixava todos pra trás

Numa nuvem de poeira

Sua mãe era valente

Mulher forte do sertão

Deu exemplo a sua gente

Ensinando retidão

De todos ela cuidou

Com amor desvelo e carinho

Castigou quando preciso

Pra mostrar o bom caminho

Ensinou temer a Deus

Respeitar o cidadão

Ser honesto e verdadeiro

E ao mendigo dar o pão

Mas voltemos ao nosso tema

Do menino brincalhão

Que no sertão da Paraíba

Brincava com seus irmãos

Aprendeu a jogar bola

E na trave era um leão

Por um tempo até pensou

Fazer disso profissão

Era um bom jogador

Gostava da brincadeira

Podia ter ido em frente

No jogo fazer carreira

Mas cedo mudou de ideia

Por ser jovem e inquieto

Tinha jeito pra desenho

Este o novo projeto

O sonho de desenhista

Vai ser preciso esperar

Antes vem o reservista

E a carreira militar

Foi cabo quase sargento

Mas voltou a ser civil

Por que não acostumou

Com o peso do fuzil

Por estes dias conheceu

Um amigo verdadeiro

Que no quartel exercia

A função de corneteiro

Com ele pôde contar

Na hora da precisão

Deu apoio deu guarida

Como se fosse um irmão

Vieira o nome dele

Nome pra ser lembrado

O coração de um santo

No peito de um soldado

Um fato muito importante

Eu acabei de lembrar

O jovem tinha outro dom

O dom de saber cantar

E uma voz forte e profunda

Que a todos cativava

Pelo tom de sentimento

Que tinha quando cantava

Vou revelar um segredo

Que fique aqui entre nós

Muita jovem se rendeu

Ao ouvir aquela voz

O destino já tecia

A sua teia devagar

Por enquanto ainda é cedo

Mais adiante vou contar

Agora já homem feito

Precisava trabalhar

E o caminho escolhido

Foi voltar a desenhar

Apresentou as novas armas

Pincel caneta e papel

E eis o homem de volta

De volta para o quartel

Desenhista respeitado

No quartel da Engenharia

Muita curva de estrada

No papel ele faria

Religioso e reservado

Tinha fama de sisudo

Depois vocês vão saber

Como o tempo muda tudo

E quando em tudo parece

Que o destino esqueceu

Eis que ele volta e retece

A teia que já teceu

Atendendo a um convite

De um amigo singular

Ao pedido não resiste

Num coral volta a cantar

No coral aprimorou

Mais ainda a sua voz

Era o destino de novo

Tecendo e amarrando os nós

A mulher da sua vida

É ali que ele conhece

A metade da laranja

Com o nome de Irece

Mulher doce e carinhosa

Porém forte e decidida

Sempre amiga e companheira

Deu um rumo a sua vida

A arte é amiga da arte

E o artista um sonhador

Se canto por que não posso

Ser também compositor

Do pensamento à ação

Foi coisa de um segundo

E o nosso amigo já estava

Entrando no novo mundo

Um amigo ajudou

Tocando no violão

E o destino finalmente

Viu cumprida a missão

Sua primeira canção

Falava de um retrato

Na parede esburacada

De um escuro e velho quarto

Estava aberta a porteira

Daquele mundo de sons

Tantos foram os versos

Transformados em canções

Hoje ele é conhecido

De norte a sul do país

Feliz por ter conseguido

Aquilo que sempre quis

Tudo que vem a seguir

Vem confirmar a história

Disco tocando no rádio

Nosso herói canta vitória

Jota Garcia o vaqueiro

A tudo presenciou

E agora aqui revela

O nome deste cantor

José Gomes Ferreira

Ou Calazans Sabugy

Pode fazer a escolha

Do nome que preferir

Muita coisa ainda tinha

Pra dele vos dar ciência

Vontade não nos faltou

Só me faltou competência.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 28/11/2014
Reeditado em 19/04/2017
Código do texto: T5052027
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