O APAGÃO!

O APAGÃO

Essa estória de apagão

Muito tem me irritado

Chegando até ao ponto

De me deixar apagado

Memória e inteligência

Que nunca tinham falhado.

Há tempos ‘tava previsto

Lá no Alto Ministério

Que as represas iam secar

E não se sabe o mistério

Do esquecimento do assunto

Que não foi levado a sério.

Investimento a prazo

No mínimo para dez anos

Se não fosse realizado

Entraríamos no cano

Voltando à Idade Média

Onde a treva ditou planos.

Então chega o Presidente

Falando para a nação:

- Fui pegado de surpresa

Não sabia disso não!

A culpa é de ACM

Que ocultou a informação.

O Sertão não virou mar

Como o profeta previa

Aumentou foi sua seca

Com as represas vazias

Assoreando os rios

Negando a ecologia.

O homem é fruto do meio

No meio o homem se faz

Embolando os pentelhos

De lado na frente e atrás

Gerando seu próprio meio

Meio que vem e meio que vai.

Por conta da incompetência

Teremos que racionar

Em até vinte por cento

Para não ter que pagar

Uma multa exorbitante

Com a sobrecarregar.

Como se isso fosse pouco

Vão cortar a energia

Por quase uma semana

De quem agir à revelia

Não respeitando a medida

Usando sem economia.

O país anda pra trás

Em passo de caranguejo

Cheio de tecnologia

Futurista por desejo

Se exibindo pro mundo

Qual macaco em realejo.

Mas se for para apagar

Tudo apago pela lei

Só não assumo o problema

Que não fui que criei

Se encontrar o Presidente

Também lhe apagarei.

Como pode um país

Ser entregue ao desmando

Logo após as ditaduras

Veio em seguida os Fernandos

Um roubou outro falhou

Por falta do seu comando.

Para encarar essa crise

De ameaça do apagão

Já comprei um candeeiro

E um ferro a carvão

Joguei fora o microondas

E consertei o fogão.

Até meu computador

Tive que desconectar

Deixei de enviar imeio

Só uso pra planejar

Tabelas e orçamentos

Pra luz economizar.

A geladeira e o frízer

Troquei por um isopor

Banho quente lá em casa

Só com força do calor

Estou seguindo à risca

O que FHC mandou.

No meio da confusão

Tropeço em quase tudo

Outro dia meti o pé

Em algo mole no escuro

Quando olhei com a luz acesa

Era um penico sujo.

Em casa estou neurótico

Cobrando o que não impus

Minha mulher avisando

Que casa que não tem luz

Se não encontrar um corno

É milagre de Jesus.

Não creio que o céu se envolva

Neste assunto passageiro

Até mesmo o Santo Pedro

Não se meterá no meio

Esse problema é dos homens

Para os homens resolvê-lo.

Eu fico estupefato

Me sentindo um idiota

Eles roubam falham aprontam

Tenho que ser patriota

Pagando todas as contas

Sustentando essa patota.

Recordar é viver 3. Não tenho palavras... tudo é tão atual e ao mesmo tempo o reflexo do mal feito no passado.

Jotacê Freitas – Salvador, Bahia. 1ª Edição: 2001 – 2ª Edição: 2015.

Cordel Jotacê Freitas
Enviado por Cordel Jotacê Freitas em 17/08/2015
Código do texto: T5349826
Classificação de conteúdo: seguro