RESTOU-ME SOMENTE A LEMBRANÇA

Quando surgia o sol

Tocava os bois no curral

Carro de lenha no terreiro

Na beleza do arrebol

Café com leite cural

Rumo a estrada dos coqueiros

No balanço de estrada

Roda que ao chão suplanta

Cocão e eixo que queima

Na cantiga que embala

Sertanejo se encanta

Na intensidade toleima

Ao aproximar do destino

Enxergava a gameleira

Bem ao lado da lagoa

Como eu era mofino

Não queria dar bandeira

Demonstrava estar na boa

Em frente de F. Rocha

Carro de boi estacionava

Pra lenha negociar

Como flor que desabrocha

Aos poucos eu me atinava

De tanto admirar

Depois da lenha vendida

Era só descarregar

Meu pai fazia a feira

Saudação de despedida

Conferir as cangas ajustar

Para descer a ladeira

A lida dos cabeçais

E o prazer de carrear

Parte de minha andança

Tempos que não volta mais

Os bois não posso tocar

Restou-me somente a lembrança...