Saga de uma familia.
(  coisas que vi e vivi )

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Amigos eu vou contar
Uma história engraçada,
uma viajem pelo sertão,
você vai dar muita risada
era uma família meio doida
em nenhum lugar parava

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Morávamos em Maceió
Na capital alagoana,
três irmãos e suas familias
resolveram morar em São Paulo
Numa grande caravana!
Enfrentando as estradas
De um lado e do outro, cana

Era a cana de açúcar
Que dá ouro branco em pó
E enriquece fazendeiros
Onde trabalha o matuto
Da aurora ao arrebol
Cavando em solo bruto
Suando de sol a sol.

Voltando para São Paulo
Dois caminhões de mudança,
dois carros de passeio
Uma kombe inda mais
Trazia adultos e crianças
Tinha gente por demais.

Deixamos as Alagoas,
A terra dos Marechais.
viajamos por Sergipe,
vendo as belezas naturais
alegria tomou conta
daquele comboio feliz
Todos vinham admirando,
A bela Terra de Serigy!

Chegamos á grande Bahia,
Terra de Todos os Santos,
Só não fomos á Salvador,
Viajamos pelos Recantos!
Um torrão lindo imenso
Deslunmbramento, encanto

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Descemos um pouco mais,
Á uma gente boa, airosa,
A formosa Minas Gerais,
A Terra das Alterosas!
É aí que o bicho pega,
A história que vou contar,
Numa cidade deserta,
Onde a gente foi parar!


Nosso carro se quebrou,
Na cidade Fruta de Leite,
Noite chuvosa, um horror,
Nem estrelas por deleite!
Eliezer era o motorista
Meu esposo e dono do carro
Disse com voz pessimista
Agora eu estou lascado

eu, uma jovem senhora
casada com o Eliezer
Disse: não se apavora
Seja lá o que Deus quiser
Gravida de cinco meses
O sexto filho na barriga
Passando esses reveses
Mas não sentia fadiga

Ao chegarmos a oficina,
Para consertar o carro,
Era uma pobre casinha,
Lá bem na beira do mato!
O mecânico examinou,
De Eliezer o carro inteiro,
Depois tirou o motor,
Pra ver qual era o defeito!

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Mas já era tarde da noite,
Então deixaram pra depois,
O homem vendo os meninos,
Ofereceu um couro de boi!
E disse: eu estendo aqui
Dentro da minha casa,
Dá para os meninos dormir
Num cantinho dessa sala.

Eram três meninos meus
Dois meninos de Mazé
Só ficaram lá na kombe
As meninas e uma mulher!
O que logo aceitamos,
Pois eram muitas crianças,
Para dormirem na Kombi,
Seria até uma judiança!

Nós não tínhamos dinheiro
para dormir num hotel,
por isso não teve jeito,
o couro crú era um pitel!
O homem espichou o couro,
No chão de barro batido,
Parecia uma cama de ouro,
Para um monte de meninos!

O primeiro a se recostar,
Foi meu garoto o ZAQUEU,
Que era muito travesso,
Deitou-se, nem se benzeu!
Os meninos logo seguiram,
Do Zaqueu o belo exemplo,
Já deitaram ali dormindo,
Foi o mais amado sossego!

O Melo, irmão de Eliezer,
preocupado com os meninos
chamou sua esposa, Mazé,
e ajeitaram os pequeninos,
deitados no couro de boi
os três meninos de Mazé
os meus eram somente dois
dormiram muito bem até

Eliezer foi se aninhar,
No porta malas da Belina,
E eu lá no banco de trás,
Ninava o pequeno Zezinho
Era uma noite chuvosa,
No Ceu não havia estrelas,
Eu estava tão ansiosa!
Nunca vira uma coisa dessas
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Vejam só qual o meu drama,
Os filhos todos espalhados,
O couro de boi era a cama,
E nosso carro quebrado!

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eu com o bebê na barriga,
O caso era muito sério,
Enfrentando aquela lida,
Bem defronte ao cemitério!

De repente o meu Eliezer
Estava com uma falta de ar,
eu não sabia o que fazer,
Para os remédios encontrar!
Eu tinha guardado os caxetes
em uma caixa de papelão
E dentro da Kombe coloquei
Num cantinho, lá no chão!

Pra procurar os remédios,
eu tinha que retirar
Todas as malas e por certo,
E o pessoal ia acordar!
Então falei pra Mazé,
Me acode, chega, vem cá,
Meu marido está morrendo,
Com tremenda falta de ar!
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Mazé disse: tenho uma violeta,
A flor que tira o catarro,
O seu nome é trombeta,
Tem que fazer um cigarro!
Eu faço, me passa a flor,
E ai comecei procurar
Um pedaço de papel
Para um cigarro formar

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Achei um papel no chão
E começei a esmiunçar,
A flor, como se fosse fumo,
De corda para fumar!
Fiz o cigarro e, bem terna,
Dei ao meu esposo doente,
Que fumou sentado nas pernas,
Igual encantador de serpente!

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Eu, o Melo e a Mazé,
tivemos frouxos de risos,
Eliezer o cigarro fumava,
e tragava como é preciso!
Daí a pouco e sem jeito,
Eliezer começou vomitar,
Todo o catarro do peito,
Que fazia ele chiar! Eca

Foi aí que naquela noite,
Dormir nós conseguimos,
Para bem de manhãzinha,
Acordar com os passarinhos!
Os homens teriam que viajar
Para Cidade de Salinas
Para a peça do carro comprar
Nessa viagem peregrina.


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Por aqui não termina esse relato
ainda tem mais duas partes.
Ahavah
Enviado por Ahavah em 22/02/2017
Reeditado em 01/04/2017
Código do texto: T5920111
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