Um poeta nordestino

Um poeta nordestino

Me dê licença seu moço

para eu me apresentar

eu? eu me chamo João

poeta do meu lugar

por devoção sou escritor

poeta eu sou por amor

o meu vício é versejar

Sou filho de Leonor

mais uma mulher guerreira

punida pelo estigma

de ser uma mãe solteira

vivendo a vida toda

a noite passando roupa

de dia a lavadeira.

O sexto de sete irmãos

Nascidos numa choupana

criados numa palhoça

mesmo sendo tirana

da vida sou sertanejo

deito comigo meu pejo

No leito de minha cama.

Me dê um pouco de tempo

Pra eu mostrar meu trabalho

não se chatei por favor

se da minha terra me valho

meu linguajar é roceiro

meus versos vem do Pereiro

da fulô e do orvalho.

No cheiro de um carvalho

e cresce no marmeleiro

floresce na gameleira

no passo do forrozeiro

Alcimar e Gonzagão

nas notas de um cancão

no coração do umbuzeiro.

Sou um poeta da roça

os meus versos vem do sertão

acho sempre a rima certa

brotando desse meu chão

se o verso não me agrada

Junto cuscuz e coalhada

pra rimar com perfeição.

Cantarolando os versos

eu sigo a entoação

pra ficar tudo direito

dentro do meu refrão

rimando perfeitamente

trocando bixo por gente

tenho mais inspiração.

Seja no cantar de um jacu

quando vai se alimentar

ou no voar de um gavião

quando sai para caçar,

na cabeça de uma vaca

que foi presa numa estaca

p’o mau olhado espantar.

Em cada canto que olho

vejo a arte se refazer

numa boiada pastando

numa jarra de sapê

no cangote da menina

no cantar de um campina

no mais belo amanhecer.

No verdejar das Campinas

quando a chuva cai por cá

fazendo brotar a vida

quando a vida quer nos dá

um tanto de alegria

chovendo noite e dia

sem querer mais parar.

O trovador se inspira

no trovão que apavora

no raio que rasga os céus

no véu da terra que chora

com seu cantar se lamenta

se a chuva virá tormenta

e leva tudo embora.

O canto de uma grota

parece rugido de fera

rugindo no meio da mata

quando rasga o seio da terra

faz sua marca profunda

deixa a terra fecunda

germinando a biosfera.

do nascer ao sol se pôr

se inspira o menestrel

a escrever com clareza

pintando da cor do céu

Influencia os poetas

a escrever as facetas

dentro do seu cordel.

se o sol vai se deitar

o manto vem nos cobrindo

a lua torna-se musa

e a noite chega parindo

dando luz às inspirações

as estrelas faz formações

p’o poeta ficar sorrindo.

Feliz em saber extrair

da noite sua grandeza

descrevo em poesias

uma bela e rara beleza

que se faz na escuridão

com astúcia, emoção

sabedoria e destreza.

Faço da mãe natureza

minha fonte de inspiração

repassando com carinho

as coisas do meu sertão

me sinto tão orgulhoso

desse trabalho garboso

enaltecer minha região.

João Moura/Natal RN

Poetajoaomoura
Enviado por Poetajoaomoura em 30/11/2017
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