Cultura

A cultura é um imenso oceano

De costumes, de hábito, tradições,

De crenças, de arte e aptidões

Inerente somente ao ser humano

É um presente de Deus, o soberano

Pra deixar este planeta bem diverso

A cultura para o mundo é como o verso

Que não pode faltar na poesia

É a força-motriz, é a magia

Que faz girar todo este universo.

A cultura está no canto da ciranda

No acorde choroso da viola

Num joguinho de pião, de bila ou bola

Nas rendinhas da rede na varanda

A cultura está nos centros de umbanda

Assim como também na procissão

Nos reisados, cantorias e no leilão

Nas alegres festas de padroeiro

Nos gritos de carnaval em fevereiro

Nas vibrantes fogueiras de São João

A cultura está no meio de um roçado

No espírito de um bravo lavrador

Que com força, com fé e muito amor

Sem chapéu ora a Deus, ajoelhado

Por ver o sertão verde e molhado

Espantando a seca que o tortura

Seca esta que também virou cultura

E que chega até nós feito uma peste

Que castiga, que assusta o meu Nordeste

Com pobreza, com fome e sepultura.

A cultura é frevo, é maracatu

É o samba, é forró, é o xaxado

É um baião-de-dois bem temperado

É cuscuz, vatapá, é sururu

É o gaúcho lá pelas bandas do Sul

Com seu laço, chimarrão e seu chapéu

É o grito lancinante do tetéu

A cultura é um causo bem contado

Com susto, com assombro e bem rimado

Nas páginas dum folheto de cordel.

A cultura também tá na vaquejada

No cavalo selado, no vaqueiro

No namoro nas pontas de terreiro

No sertão de uma noite enluarada

Numa roda de conversa na calçada

Numa boa debulhada de feijão

No cantar do saudoso Gonzagão

Troando o seu fole a mais de mil

A cultura é o sangue do Brasil

Que escorre pelas veias do sertão.

João Félix
Enviado por João Félix em 27/12/2017
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