O MEU RIMANCEIRO * Da barbárie...

Atroam as trombetas e os tambores.

Solícitos, com destemor, acorrem

os bélicos actores:

uns matam, outros morrem.

Imposta a causa, agora definidos

os trágicos efeitos:

os insepultos corpos dos vencidos

e o júbilo em desfile dos eleitos.

Nas torres de menagem dos castelos

hasteiam-se os pendões de vivas cores:

são verdes e vermelhos e amarelos.

Ufanos, rufam-rufam os tambores.

A noite cai, alheia ao desvario.

Desdobra-se um silêncio de mortalha.

Um mocho lança um agoirento pio

que sobre os mortos lúgubre se espalha.

Não mais “honra aos vencidos”.

Palavras velhas de idos estertores

são símbolos banidos.

Que glória aos vencedores?

Se um justo não perdoa, mas aplica

as normas da Justeza e da razão,

merece punição quem edifica

um ser e estar da vida em negação.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 19 de Março de 2018.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 19/03/2018
Reeditado em 19/03/2018
Código do texto: T6284372
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